Nos últimos tempos, é cada vez mais comum ver, nas redes sociais, adultos resgatando gostos e objetos típicos da infância. Alguns casos, como os bebês reborns, geraram polêmica. Outros, como o boneco Labubu, caíram no gosto popular e invadiram os looks e acessórios do dia a dia.
Entretanto, a grande adesão a aspectos infantilizados pode esconder algo muito maior. Em conversa com CLAUDIA, a psicóloga Denise Salim Paes, professora de Psicologia do UniArnaldo Centro Universitário, analisou os possíveis aspectos emocionais que podem estar envolvidos nesse fenômeno.
Resgatar o que ficou pra trás
Denise explica que um dos fatores pode estar ligado a forma que a infância foi vivenciada. Pessoas que tiveram uma educação muito rígida ou até mesmo privada de experiências típicas da idade podem tentar, indiretamente, tentar resgatar esse tempo. Isso acontece, muitas vezes, por meio de objetos e comportamentos que remetem à infância, como uma tentativa de suprir carências emocionais antigas. “Essas pessoas podem ter dificuldade em lidar com responsabilidades, estabelecer limites ou enfrentar frustrações”, explica.
Outra possibilidade, de acordo com a especialista, é que a tendência não está diretamente interligada com uma fragilidade emocional. Denise aponta que, diante de cobranças excessivas e crises sociais e econômicas, adultos encontram em objetos infantis uma forma de refúgio, associada à segurança, simplicidade e afeto. “É uma busca por conforto diante de um mundo cada vez mais adoecido”, afirma.
Entre modismo e saúde mental
Apesar das hipóteses, a psicóloga ressalta que o fenômeno ainda é recente e carece de estudos mais profundos para afirmar se representa um problema de saúde mental ou apenas uma nova forma de consumo cultural. “Precipitado demais falar que são preferências de pessoas com disfunção afetiva ou algo parecido. O rótulo é sempre muito perigoso e irresponsável se usado de forma apressada”.
A psicóloga explica que, com base em estudos anteriores, é possível associar essas manifestações ao desejo de nutrir vínculos afetivos não vivenciados, elaborar perdas ou doar carinho — como ocorre com mães que perderam filhos ou não puderam tê-los.
Por isso, defende que o fenômeno seja observado sem julgamento moral, com um olhar atento às dinâmicas sociais e afetivas que atravessam as escolhas individuais. “Essas manifestações não ocorrem de forma isolada, podendo refletir e até ser condicionadas por estruturas e dinâmicas sociais mais abrangentes que influenciam o comportamento e as relações humanas”, conclui.
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