Embora Ana Clara Watanabe tivesse apenas vinte e poucos anos em 2022, já estava desiludida com a moda. Tinha vivido o suficiente na indústria para entender que o trabalho da forma com que sonhava era inviável. Ainda assim, superando as improbabilidades, ela conseguiu reverter a situação.
Mas voltemos ao início. Natural de Pindamonhangaba, interior de São Paulo, a estilista sempre cultivou o gosto pela criação. “Quando tinha 4 anos, aprendi crochê com minha avó e, na adolescência, customizava as peças do meu pai”, relembra.
No Ensino Médio, decidiu cursar moda e, ao ingressar na FAAP, viu que sua história era seu diferencial. “Enquanto outros alunos olhavam para fora — Europa e Ásia —, resolvi olhar para dentro.”
Dessa reflexão nasceu a sua primeira coleção, inspirada em seu tio cabeleireiro. Durante a faculdade, também deu seus primeiros passos rumo ao mercado: estagiou em marcas estabelecidas, como Luiza Dias 111 e Flavia Aranha, além de cofundar a Anacê.
Com seu TCC, ainda dentro da temática familiar, ela recebeu uma bolsa de estudos em 2019 na Central Saint Martins, na Inglaterra, onde estudaria apenas em 2022 por causa da Covid-19.
Na pandemia, trabalhou paralelamente para a Animale e a Dod Alfaiataria, até entender que precisava abrir mão de algo — no caso, do seu próprio negócio. Com a bolsa de estudos, partiu para a Inglaterra, mas voltou logo após receber uma proposta da Insider Store.
Foi então que Ana Clara lançou a WTNB — a marca deriva de seu sobrenome, que significa “atravessar o rio” em japonês, e representa sua jornada de autodescoberta como mulher amarela.
“Quis fundar o negócio para contar minha história, empregar pessoas da minha cidade e criar algo autêntico”, diz. A WTNB se destaca pelas formas esculturais, peças volumosas, tecidos reaproveitados e arte antropofágica. Em 2023, Ana Clara foi convidada a criar uma coleção em homenagem ao centenário de Tarsila do Amaral, um projeto recebido com entusiasmo ao ser apresentado em 2024 em São Paulo.
“As pessoas acham que criatividade basta. Ouvi que não precisava de faculdade para trabalhar com moda, mas foi lá que aprendi técnicas e gestão, e sem isso o negócio não se sustenta”, reflete ela, que acopla em seu processo criativo a leitura de livros, consumo de revistas e escrita de mini TCCs. “Sem estudo, o resultado é raso.”
Hoje, aos 27 anos, como uma das estilistas mais promissoras do Brasil, Ana Clara nunca imaginou chegar tão longe. “Tinha muito medo de que a moda que eu queria criar não fosse um negócio.” A realidade, porém, provou que estava enganada.
Assine a newsletter de CLAUDIA
Receba seleções especiais de receitas, além das melhores dicas de amor & sexo. E o melhor: sem pagar nada. Inscreva-se abaixo para receber as nossas newsletters:
Acompanhe o nosso Whatsapp
Quer receber as últimas notícias, receitas e matérias incríveis de CLAUDIA direto no seu celular? É só se inscrever aqui, no nosso canal no WhatsApp.
Acesse as notícias através de nosso app
Com o aplicativo de CLAUDIA, disponível para iOS e Android, você confere as edições impressas na íntegra, e ainda ganha acesso ilimitado ao conteúdo dos apps de todos os títulos Abril, como Veja e Superinteressante.