Falar sobre dinheiro nunca foi tarefa simples, ainda mais no meio feminino. Por isso, CLAUDIA realizou a Casa Clã Finanças, evento anual para mulheres discutirem organização financeira. Um dos nomes participantes foi a psicanalista Ana Suy, que lembra que a remuneração feminina é recente e, por isso, muitas ainda encontram dificuldade em dar preço ao próprio trabalho.
“Às vezes a gente não sabe quanto custa isso, ou se é justo. Se a gente ganha menos do que um homem ou ganha mais do que outra pessoa e não sabemos falar disso, ficamos muito isoladas.” Esse silêncio, segundo ela, também reforça o fenômeno da impostora. “Precisamos nos apropriar do nosso percurso e do nosso caminho”, explica.
Autoconhecimento não é uma jornada solitária
Para Ana, o autoconhecimento não é uma jornada individual. “Ele também vem de fora. Das referências que tivemos, dos lugares que acreditamos que podemos ocupar e de onde conseguimos nos imaginar”, ressalta.
Isso porque se conhecer envolve compreender os próprios sentimentos e necessidades, mas também perceber até que ponto o consumo é usado como forma de validação. “Quase tudo no nosso mundo nos leva a acreditar que podemos comprar por quem somos, comprar elementos que compõem nossa identidade. E há uma ingenuidade que custa muito caro para nós porque isso não é comprável.”
Heranças familiares e crenças sobre dinheiro
Para além das pressões do consumo, as crenças que carregamos desde a infância também moldam nossa relação com o banco. “Embora a palavra dinheiro seja usada para todo mundo, ela não tem o mesmo significado.” Isso porque, na psicanálise, o dinheiro tem não só um valor material, mas também simbólico.
“Freud já dizia que o dinheiro é um operador simbólico. Ele tem um valor financeiro, o dos boletos, mas ele também é um operador simbólico de separação”, explica.
Entre custo e valor: o que o dinheiro não paga
A especialista ressalta que um passo importante do autoconhecimento é diferenciar o que tem preço e o que tem valor. “A gente precisa poder fazer essa curadoria do que são as nossas prioridades, sobretudo para separar quanto custa do que vale”, diz.
Isso também é um exercício de inteligência emocional. “Muitas vezes, as pessoas bem-sucedidas contam como queriam ter passado mais tempo com a família – e, daqui a alguns anos, as únicas pessoas que vão lembrar que você fez hora extra são seus filhos. A gente precisa separar o que é que se paga com o dinheiro e o que se paga com a vida.”
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