Você está se anulando pelo parceiro? Veja os sinais de um amor que sufoca

Ao iniciarmos uma relação, é natural que alguns aspectos da vida mudem. A rotina passa a ser compartilhada, as decisões precisam considerar a vontade de ambos, concessões se tornam parte do processo, e até certos traços de personalidade podem se misturar com os do parceiro.

Essas mudanças, no entanto, devem acontecer de forma espontânea, uma adaptação saudável para o bem comum. O problema surge quando uma das partes começa a se anular – deixando de lado vontades, interesses e até traços da própria identidade – apenas para agradar o outro.

Para entender por que isso acontece, e quais os riscos de moldar a própria vida a um relacionamento, conversamos com a psicanalista Sol Rodrigues. “Existe uma linha tênue – e perigosa – entre o desejo de se conectar e o impulso de se anular para caber no desejo do outro”, alerta.

O mito da completude no outro

Para ilustrar essa situação, Sol cita o exemplo de Greice, personagem do filme O Limite da Traição. Tão entregue ao relacionamento, Greice não percebe que, ao longo da trama, perde a própria dignidade — e até mesmo bens materiais.

Segundo a psicanálise, explica a especialista, muitas pessoas, especialmente mulheres, são condicionadas desde a infância a acreditar que só serão completas ao encontrar um parceiro. “Inconscientemente, buscamos algo fora de nós que nos dê sentido, que nos torne completas. E, muitas vezes, colocamos essa expectativa no parceiro – como se ele fosse capaz de nos validar, nos completar e nos fazer felizes”, afirma.

Com isso, muitas passam a acreditar que precisam merecer esse amor, e, com medo da rejeição, iniciam um esforço para se encaixar nas expectativas do outro. “Quando o desejo de se adaptar ao outro vira uma urgência – uma espécie de ‘quero esse relacionamento de qualquer jeito’ – a pessoa corre o risco de desaparecer dentro da relação”, aponta Sol.

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A perda de si mesma

Esse comportamento leva ao abandono de si mesma. “Ela começa a ceder demais, a abrir mão de quem é, em nome de um amor que, no fundo, está sendo construído sobre a fantasia e o medo de ficar sozinha”, completa.

Com o tempo, tudo perde o sentido: as conquistas deixam de ter valor, e a autoestima é comprometida. “Um relacionamento saudável precisa de duas pessoas inteiras. Duas identidades que se encontram, mas não se confundem em seus desejos intrínsecos”.

Autoconhecimento e terapia como caminho

Sol reconhece, porém, que manter essa individualidade nem sempre é uma tarefa fácil – por isso, buscar terapia pode ser um caminho importante. “Quando os elementos identitários já foram perdidos e o casal não quer se separar, é essencial contar com a ajuda de um profissional”, recomenda.

Por fim, ela reforça que respeitar a si mesma é essencial. “Se respeitar reciprocamente, saber o que é seu e o que é do outro, é buscar o autoconhecimento. E é ele que nos mostra nossos desejos reais – e nos permite, de fato, nos descobrir”.

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