Sim, eu me importo – mas estou esgotada

Sinto muito. Mas não sinto muito escroto.

De uns tempos pra cá, tenho percebido um padrão nas relações:

Gente que se afasta de mim porque eu não fui em tal lugar.

Porque eu não repostei algo.

Porque eu errei um arroba.

Porque um recado saiu errado.

Porque eu não estive lá da forma que a pessoa esperava.

Continua após a publicidade

E, sinceramente? Tá muito difícil lidar com a expectativa alheia.

Especialmente quando eu já acordo todos os dias carregando a minha própria culpa.

Culpa por atrasar.

Culpa por esquecer.

Culpa por não estar onde eu queria estar.

Continua após a publicidade

Culpa por ser uma só, com mil pratinhos na mão.

E aí vem alguém, com aquela cara de mágoa silenciosa ou cobrança passivo-agressiva, e joga mais um pratinho no ar.

E eu não consigo segurar todos.

E aí me sinto escrota. De novo.

Mas a real é que eu não sou escrota – eu tô esgotada.

Continua após a publicidade

E tô aprendendo, aos poucos, a me livrar dessa culpa que me consome.

A culpa de não ser a amiga ideal.

A filha ideal.

A profissional ideal.

A presença constante, pronta, disponível, carinhosa, compreensiva – em tempo real.

Continua após a publicidade

E, veja bem, eu sou cronicamente online.

E talvez por isso, muita gente ache que eu também sou cronicamente disponível.

Mas não sou.

Eu tô vivendo.

Tentando resolver meus próprios B.Os.

Continua após a publicidade

Tentando me salvar de dentro pra fora.

É claro que eu sinto.

Sinto muito.

Por não ter conseguido estar lá.

Por não ter conseguido responder.

Por ter deixado passar.

Mas é um “sinto muito” que vem com humanidade.

Não com frieza.

Não com desprezo.

Só com limite.

Porque eu percebi que, nessa fase da minha vida, o primeiro pratinho que eu preciso segurar sou eu.

E se isso me fizer parecer distante, ausente ou indiferente…

sinto muito.

Mas é a minha forma de sobreviver agora.

E não, eu não sou da galera do “foda-se”.

Não sou do “sou egoísta mesmo e dane-se quem se machucar”.

Detesto esse discurso mal interpretado de autoamor que exclui empatia.

Acredito que dá pra se priorizar e ainda assim se importar com o outro.

Dá pra não ir num evento e ainda assim mandar uma mensagem carinhosa depois.

Dá pra errar e voltar com um pedido de desculpas.

Dá pra estar longe e, mesmo assim, não ser ausente de coração.

Se cuidar não precisa ser sinônimo de se isolar do mundo.

Mas também não pode ser estar disponível pro mundo inteiro, menos pra si.

Então, se você que me lê se sentiu esquecido, ignorado, preterido…

só saiba que eu sinto.

E não é um “sinto muito escroto”.

É um “sinto muito” sincero.

Cheio de falhas, tentativas, e de uma coisa que talvez a gente precise aceitar mais:

ninguém vai dar conta de tudo.

Nem de todos.

E tá tudo bem.

Mas só se a gente aprender a se perdoar primeiro.

Assinado,

Ministra do Amor,

Martchela.

Assine a newsletter de CLAUDIA

Receba seleções especiais de receitas, além das melhores dicas de amor & sexo. E o melhor: sem pagar nada. Inscreva-se abaixo para receber as nossas newsletters:

Acompanhe o nosso WhatsApp

Quer receber as últimas notícias, receitas e matérias incríveis de CLAUDIA direto no seu celular? É só se inscrever aqui, no nosso canal no WhatsApp

Acesse as notícias através de nosso app 

Com o aplicativo de CLAUDIA, disponível para iOS e Android, você confere as edições impressas na íntegra, e ainda ganha acesso ilimitado ao conteúdo dos apps de todos os títulos Abril, como Veja e Superinteressante.

Publicidade

Dicas do Beto
Dicas do Beto
Artigos: 3878

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

pt_BRPortuguese