Já faz um tempo – na verdade, desde que eu era criança – que eu nunca fui apegada à perfeição. Talvez porque minhas notas na escola fossem baixas, enquanto todas as minhas amigas tiravam 10. Pode ser. Mas foi justamente por causa desses pequenos (e grandes) erros – como diria minha mãe – que fui pegando um certo ranço da perfeição.
A menina mais legal, a mais cool do colégio? Nunca fui. Pelo contrário, eu era pintada como a chata. Inclusive, tenho vocação nata para ser chata. Mas, por sorte, sou carismática, o que ganha muitos pontos. E tenho um sorriso leve – leve, mas escandaloso, já que sempre foi julgado por namorados, paqueras e afins.
“Ai, precisa rir tão alto?”
“Ai, ri mais baixo.”
“Ai, ela quer chamar atenção.”
“Ai, ela se acha muito.”
Por muito tempo, tentei me moldar a essas expectativas. Me adaptar. Me encaixar. E percebi o quanto estava infeliz. Foi quando voltei às minhas raízes. Teatro, risada alta e pé na bunda de quem não cabia mais na minha vida.
Mas essa não é uma história menos triste. Eu sofri. Sofri muito. E ainda sofro. São traumas de uma vida inteira. O peso de ser inadequada. De ser livre demais. De falar demais. De aparecer demais. Mas veja bem: o erro era eu aparecer, ser diferente? Ou o erro era das pessoas que não eram autênticas?
Porque a perfeição… ah, a perfeição. Se você é perfeito, você não consegue ser autêntico. A autenticidade está no erro. Está naquilo que te faz diferente. Na história que quase foi mas não foi por um detalhe, um erro. E poucas pessoas ousam ser diferentes em um mundo que taxa, humilha e faz bullying com o diferente.
Eu amo os que abraçam seu jeito real de ser. Você pode ser o mais mal-humorado da sala – mas se tiver fé naquilo que faz, eu vou gostar de você. Você pode ser o esquisito que for – se for autêntico nisso, eu vou me apaixonar por você.
E eu sinto tanto por aqueles que não vivem sua verdade. Sinto tanto pelas pessoas que amam e não assumem isso porque vai contra, sei lá, uma maioria falida. Sinto pena de quem não abraça quem realmente é.
Se eu pudesse fazer uma revolução, faria a revolução pelos autênticos. Pelos loucos, pelos poetas, pelos artistas. Por todos aqueles que um dia foram marginalizados – e ainda são. Eu os abraçaria todos.
Os perfeitos, não. Os perfeitos, jamais.
Mas tudo aquilo que tem verdade, que faz o olho brilhar e o sorriso escapar, isso sim, eu tatuaria no peito.
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