Sim, Fernanda Torres ganhou o Globo de Ouro. Mas ela não conquistou apenas o prêmio. Fernanda conquistou os jornalistas, a academia, os artistas internacionais e, de certo modo, o mundo inteiro. Sua vitória é a personificação de um meme vivo, um verdadeiro exemplo da arte do humor e da autenticidade.
Além de ser uma atriz de comédia brilhante, Fernanda agora é uma premiada atriz dramática, provando algo que quem faz teatro já sabe: quem domina a comédia consegue transitar pelo drama com maestria. Mas o inverso nem sempre é verdadeiro – nem todos os atores dramáticos conseguem fazer uma boa piada.
Fernanda tem o timing perfeito, no palco e fora dele. Basta ver sua recente entrevista após a cerimônia, em que ressuscitou o Pikachu ao dizer que se sentiu como ele e que parecia estar na Disneylândia. Sim, ela estava se divertindo genuinamente, como vimos na gravação para a Globo News, onde disse a célebre frase: “Sadi, eu nunca vou te perdoar. Olha o meu cabelo, olha a minha cara!”. Rimos muito!
Fernanda estava maravilhosa. Fernanda é maravilhosa. Assistir suas entrevistas inteligentes, cheias de humor, respostas autênticas e cômicas, é um verdadeiro respiro de vida. Em uma delas, ela soltou: “A vida presta.” Sim, pode até parecer que não às vezes, mas ela presta.
Assistindo à premiação e às entrevistas das indicadas, percebi algo que mudou minha perspectiva. Diferente da época em que Fernanda Montenegro, sua mãe, foi indicada ao Oscar e injustamente não venceu, hoje as indicadas são, em sua maioria, mulheres acima dos 50 anos.
Isso me trouxe alívio. Estou prestes a chegar aos 40 e, como muitos, sinto a pressão de alcançar tantas coisas, de “chegar plena”. Mas essa ansiedade é ignorância da juventude. Ver essas mulheres incríveis, poderosas e talentosas me deu a paz de que o tempo tem seu próprio ritmo.
Quem sabe o meu Globo de Ouro – ou o seu – venha daqui a alguns anos? E tudo bem. Há mágica na vida. Há tempo para o inesperado.
Essa não é uma mensagem de positividade tóxica – sou contra isso –, mas uma celebração sincera. Que perfeito é o ciclo da vida! O prêmio de Fernanda Torres completa a história que começou com sua mãe, que não ganhou o Oscar, mas hoje vê sua filha triunfar. E mais: com o mesmo diretor que estava ao lado de Montenegro anos atrás. Isso não é coincidência; é arte e vida se entrelaçando de forma mágica.
Fernanda Montenegro, aos 95 anos, assistiu sua filha – talvez seu maior tesouro – receber o maior prêmio da profissão que ambas amam e honram com tanta verdade e afinco. Esse prêmio não é só de Fernanda Torres. Não é só de Fernanda Montenegro. É nosso, brasileiros. Ganhamos na mão de uma mulher. Mais uma vez, uma mulher.
Começamos o ano assim, com as mulheres fazendo história. Desde as Olimpíadas, com tantas atletas incríveis, até agora, com a arte sendo reconhecida e celebrada. É um triunfo não só da arte, mas da democracia, da resistência e do talento. A arte, tão atacada e massacrada nos últimos anos, renasceu e venceu.
Eles passarão. Nós ficaremos. Com ouro nas mãos.
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