Em um mundo corporativo obcecado por resultados e produtividade, o acolhimento surge como um gesto quase revolucionário. Não estamos falando de ser permissivo ou negligente, mas de criar um espaço onde as pessoas se sintam vistas, ouvidas e seguras.
É, em essência, uma liderança que legitima as emoções e a humanidade de quem compõe o time. No entanto, esse conceito, embora poderoso, ainda carrega resistência e mal-entendidos.
É comum ouvir líderes dizendo: “Não tenho tempo para acolher” ou “Se eu acolher, vão abusar da minha boa vontade.” Essas percepções refletem uma visão distorcida, que confunde acolhimento com fraqueza.
Mas vamos desmistificar isso: acolher não é concordar com tudo ou abrir mão de limites. Pelo contrário, é justamente estabelecer uma base de confiança para alinhar expectativas e construir relações mais produtivas e autênticas.
Os desafios do acolhimento
Um dos maiores desafios do acolhimento é vencer o ritmo frenético do dia a dia. Muitos líderes sentem que não podem se dar ao luxo de parar para ouvir, mas a verdade é que a escuta ativa economiza tempo a longo prazo. Um time que sente segurança emocional é mais eficiente, menos propenso a erros e menos vulnerável a crises interpessoais.
Outro mito é o medo de parecer fraco ou ser explorado. Acolher, porém, não é ceder. É ouvir com atenção, reconhecer a emoção do outro, mas também estabelecer limites claros e conversar sobre responsabilidades. É dizer: “Eu vejo sua dificuldade e estou aqui para ajudar, mas como podemos juntos encontrar uma solução?”
Um dado interessante conduzido pela Universidade de Warwick, mostrou que equipes lideradas por líderes empáticos apresentaram um aumento de 18% na performance em comparação com equipes que não possuíam esse tipo de liderança.
Como cultivar o acolhimento na liderança
As empresas precisam se reinventar constantemente, mas a pesquisa “A cultura a serviço da estratégia do negócio”, realizada pela Olivia, revela que 37% dos líderes não se sentem preparados para mudanças e 3% estão muito pouco preparados.
Diante desse cenário, o acolhimento surge como uma ferramenta poderosa, pois não exige grandes transformações estruturais. Ele se manifesta em pequenos gestos e práticas diárias.
A escuta ativa é uma dessas práticas transformadoras. Um líder acolhedor não apenas ouve as palavras ditas, mas também percebe o tom de voz, a postura e até mesmo os silêncios de seus colaboradores. Esse cuidado em escutar com atenção genuína cria uma conexão mais profunda, permitindo que questões importantes sejam identificadas e trabalhadas com eficácia.
Outro elemento fundamental do acolhimento está nas perguntas poderosas. Muitas vezes, um simples “O que você precisa de mim agora?” pode abrir espaço para conversas honestas e direcionadas, além de reforçar a responsabilidade compartilhada entre líder e liderado. Esse tipo de pergunta demonstra disposição para entender as necessidades do outro, sem julgamento ou pressa.

A presença intencional é igualmente importante. Em um mundo dominado pela hiperconectividade e multitarefa, dedicar atenção plena em interações-chave demonstra respeito e cria um impacto significativo. Desligar o celular, olhar nos olhos e estar realmente presente no momento são ações simples, mas profundamente transformadoras.
Pequenos gestos, como reconhecer as emoções da equipe em momentos de dificuldade, também fazem uma grande diferença. Frases como “Eu sei que isso é difícil, mas vamos encontrar uma solução juntos” têm o poder de mudar o tom de uma conversa, demonstrando empatia e disposição para colaborar.
Por fim, investigar necessidades e alinhar expectativas são passos indispensáveis. Nem sempre a primeira reclamação ou problema apresentado reflete o que realmente está em jogo. Investir tempo para entender as reais demandas e alinhar objetivos com clareza ajuda a construir um ambiente de segurança, prevenindo frustrações e reforçando a confiança mútua.
Acolher é, paradoxalmente, um ato de coragem. Em um mundo que normalizou a desconexão e a pressa, é preciso bravura para desacelerar e humanizar as relações de trabalho. Acolhimento não é um desvio de rota, é o caminho para equipes mais resilientes, criativas e engajadas.
No fim das contas, o acolhimento é a base para qualquer transformação genuína. Ele não apenas fortalece as relações humanas, mas também cria uma liderança mais empática, estratégica e sustentável. Ser acolhedor não é opcional, é essencial. Afinal, o maior desafio da liderança não é gerenciar tarefas, mas cuidar de pessoas.
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