Margareth Brepohl é o grande nome por trás da Lapinha Spa, um espaço de autocuidado que busca reorganizar a saúde e a rotina de seus visitantes. A empresa conta com três pilares: sustentabilidade, cultura e o conhecimento – o que trouxe reconhecimento e prêmios internacionais.
A executiva, por sua vez, atua para responder às demandas contemporâneas, liderando conversas estratégicas sobre wellness aplicado, turismo de saúde, entre outras experiências.
Margareth é a nova convidada do videocast Eu, CEO, criado por CLAUDIA para destacar mulheres em cargos de liderança e gestão. Conosco, ela compartilha a trajetória de liderança e fala sobre os desafios de manter uma empresa familiar. Para assistir o episódio completo, assista ao canal Veja+, da Samsung TV, às 19h horas, ou acesse nosso canal do YouTube.
Abaixo, confira o papo completo:
No imaginário coletivo, associamos as mulheres ao cuidado, acolhimento e hospitalidade. Os números, por sua vez, como se fosse algo mais masculino. Isso não é natural! O que você foi descobrindo ao longo desses meses no cargo de CEO?
Há alguns anos, um amigo que era CEO me perguntou para quê existe uma empresa. Eu disse: “para poder servir a sociedade”. Ele me fez três vezes a pergunta e falou: “você errou todas. Uma empresa existe para gerar lucro”. E hoje eu começo a lembrar dessa ênfase do lucro. Me sinto mais responsável não só pela perpetuidade da empresa, mas pela retenção de talentos – que passa por melhores salários e na profissionalização.
Também fico de olho no que está acontecendo no mercado financeiro: se a SELIC vai aumentar, se não vai, se dá para alavancar a empresa e de que forma. Não que eu tenha trabalhado mais, mas tenho que trabalhar com mais estratégia.
Como é o trabalho do Instituto Lapinha?
Ele foi fundado antes da pandemia e nós demos um tempo para estruturar as ações. São três pilares: o da sustentabilidade, cultura e pesquisa. Nós já participamos de vários projetos, como com a Sociedade de Proteção de Vida Silvestre do Paraná, que estamos formando um corredor para os animais silvestres. Outro foco é a música, com sound healing; e também participamos de uma pesquisa no INCOR sobre dislipidemia.
Quais são as particularidades de ser CEO de uma empresa familiar?
A palavra crise, em japonês, tem os elementos que podem escrever perigo ou oportunidade. Não me refiro à questão familiar como crise, mas sim à questão de que pode ser um perigo, mas são imensas as oportunidades. Uma empresa familiar é ágil, então a tomada de decisão é muito rápida. Você consulta o conselho familiar, o conselho executivo, o comitê executivo e as decisões acontecem. A outra vantagem é a perpetuidade do legado.
A sucessão remete à nossa finitude. Então, a gente conversa e o grande desafio é respeitar o dom e a vocação de cada filho. Também precisamos escutar a necessidade da empresa, conversar sobre quando é a hora de sair.
Como você resume os princípios da Lapinha que impactam positivamente a saúde e o bem-estar de todas as pessoas?
Tem uma palavra que eu acho que é chave para quem vê a Lapinha: autocuidado. Quando você entra no avião, eles dizem para colocar a máscara primeiro em si e depois no outro. Quando alguém resolve vir até nós, já andou metade do caminho. É uma experiência baseada no ciclo circadiano, com horário para acordar, para comer, para ficar quieto, para dormir… Nossa intenção é ajudar as pessoas a estarem bem para poderem contribuir com suas famílias e com a sociedade.
A maior parte do público da Lapinha é feminino?
Existe uma característica da mulher que é a de ser cuidadora. Escuto no dia a dia que estão cuidando das crianças que têm escola, dos pais que são mais velhos, ou dos adolescentes. Também há o casamento e a carreira. A sobrecarga vem principalmente da mulher brasileira, que contribui com a formação da riqueza do país. Mas também ensinamos que há muita coisa que dá para dividir com o marido, irmãos e outros funcionários da empresa – e depende dela colocar esse limite e delegar.
Você é jurada do World Spa & Wellness Award. Como você chegou até esse papel e como ele faz parte da sua jornada?
É um trabalho exaustivo e que, para mim, foi muito importante. Nós saímos da posição de sermos julgados e avaliados e passamos para um corpo de jurados. Nós estávamos julgando o melhor spa do mundo e eram seis na área de saúde. E tinha um tema que foi muito delicado, o álcool.
Três dos candidatos tinham álcool dentro dos estabelecimentos e eram finalistas. Eu levantei essa lebre, ao vivo, durante o julgamento, na entrevista com os spas. Percebi que os juízes colegas se sentiram incomodados, mas dos fatores que levam à saúde e ao bem-estar, o álcool não cabe.
Aos quase 72 anos, como você nutre a sua disposição e motivação para seguir fazendo o que você faz com toda essa alegria?
Estando em contato comigo mesma. Quando percebo que a vela está apagando, sei que tenho que dar um tempo – é preciso caminhar sozinha. Posso trabalhar intensamente duas semanas e tirar três dias de folga. É uma conjugação entre me escutar e interferir no ambiente de forma que eu consiga responder sem me exaurir.
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