Não importa a estação do lado de fora: dentro da casa de Julie Couto é sempre verão. O apartamento, santuário pessoal da influenciadora nascida em Salvador, foi construído ao longo de mais de uma década, adornado com biribas de eucalipto, paredes brancas texturizadas e detalhes cuidadosamente pensados.
Dona de uma personalidade doce e um olhar atento, ela recebe suas visitas com pão delícia, famoso quitute baiano, e parece conhecer cada raio de sol que atravessa o espaço. O lar, hoje, é acompanhado por milhares de seguidores nas redes sociais (@julie_couto), encantados por seu estilo na decoração e soluções criativas.
Com referências de viagens e raízes familiares, o apartamento é o reflexo de uma vida nômade que encontrou na capital paulista um ponto de estabilidade. Julie mudou-se para o Equador ainda criança com os pais e, mais tarde, estudou moda em Milão.
A trajetória internacional teve continuidade com experiências profissionais em Honduras, até que São Paulo se tornou o destino definitivo.

Na busca por um apartamento, em 2013, encontrou este espaço, que foi capaz de transportá-la para as casas de Salvador em que cresceu, com uma área aberta dedicada ao lazer — lembrança das festas animadas dos pais, que sempre reservaram a cobertura para recepcionar amigo
s e familiares. Para ela, esse espaço livre é sinônimo de uma vida feliz.
RAÍZES EM MOVIMENTO

A trajetória de Julie é marcada por deslocamentos e por uma constante adaptação. “Cresci no Equador, estudei em Milão, depois trabalhei em Honduras”, lembra. Essa experiência moldou sua visão de mundo, tornando-a plural e sensível. “Meu coração é latino e minha alma é baiana”, costuma dizer, sintetizando suas origens.
Quando voltou ao Brasil, incentivada pelo pai — que via na capital paulista o melhor terreno para florescer sua carreira em moda — a vida apresentou novos caminhos. Alugou um pequeno apartamento em um prédio recém-construído nos Jardins.

Anos depois, no mesmo edifício, encontrou a moradia que se tornaria seu endereço definitivo. “Quando vi as fotos, falei: é ele. Era tudo que eu queria, uma coberturinha”, conta. O apartamento, assim, tornou-se cenário de criação e refúgio.
Com experiência em grandes marcas, Julie chegou a sentir-se saturada da rotina da indústria da moda. A virada veio de forma inesperada durante um festival de música na Bahia.
“Voltei de lá decidida: não queria mais essa profissão. Foi quando nasceu a vontade de criar coisas para casa”, lembra. Esse desejo a conduziu à decoração — primeiro com uma marca própria, depois com projetos de curadoria — e, já mãe, encontrou na criação de conteúdo um caminho mais leve e pessoal.

Tudo ganhou ainda mais força durante a pandemia, quando o amigo e fotógrafo de arquitetura Lufe Gomes fez um tour à distância, por videochamada, em sua casa. O conteúdo viralizou, impulsionando a criação de seu perfil no Instagram.
Desde então, Julie compartilha detalhes de decoração, bastidores de reformas e pequenos prazeres cotidianos, construindo uma comunidade fiel. As cortinas de corda que dividem os ambientes do estar, por exemplo, fizeram tanto sucesso que ela precisou ensinar o passo a passo do trançado para seus seguidores.
MEMÓRIAS E IMPERFEIÇÕES

O apartamento de 160m2 foi se transformando junto com sua trajetória. No início, cores vibrantes e referências a Ibiza dominavam o décor. “O arquiteto da primeira reforma dizia que eu queria um parque temático dentro de casa”, ri de si mesma sobre suas fases da decoração — na primeira, queria inserir a cor rosa por toda a parte.
“Na época, eu estava fascinada por Ibiza, continuo até hoje, foi o lugar em que meu marido e eu nos apaixonamos. À época, lá era tudo muito branco e neon, então tinha todo esse lado colorido.”

Com o tempo, os tons se acalmaram, cedendo espaço a materiais naturais, texturas rústicas e revestimentos que abraçam as imperfeições. Foi aí também que vieram as paredes claras, inspiradas em paraísos como Caraíva e Tulum. “As paredes lisas não faziam meu coração palpitar”, conta sobre a escolha de trazer um acabamento de textura ondulada que percorre todo o estar.

“Ficar em casa, para mim, é o maior luxo que posso ter”
Julie Couto
O lar também é testemunha da vida em família. Julie e o marido criaram um espaço acolhedor para os dois filhos, Isabela e Nicolas, adaptando ambientes para unir estética e funcionalidade.
“Tudo é pensado: a quina da mesa arredondada, os nichos da cozinha, as cercas de madeira na varanda que protegem sem fechar. É sobre criar soluções que se encaixem na nossa vida”, ressalta. Hoje, inspira-se no wabi-sabi, estética japonesa que valoriza a beleza do imperfeito.
“Com filhos a gente aprende que não dá para segurar todos os pratinhos, que não dá para ser perfeito o tempo todo. Fazemos aquilo que está ao nosso alcance. Então, é meio que isso na decoração. A madeira vai estar com marcas de vida, vai estar ali detonada. Então, acho que esse estilo, com as imperfeições, deixa o coração mais em paz.”

Com a ajuda de profissionais, conseguiu colocar em prática algumas ideias mais ousadas. O quarto do casal, recém-reformado, agora traz um sonho antigo: o chuveiro na varanda em um layout aberto.
“Acho que esse estilo, com as imperfeições, deixa o coração mais em paz”
Julie Couto
“Acho que sou muito atrevida na decoração, e posso pensar bem fora da caixa. Mas, é claro, muitas vezes não sei o que é viável ou não. Então eu precisava de alguém com um olhar técnico e profissional para fazer acontecer.”
Assim, nas mãos das arquitetas do escritório Carboni Arquitetura, o dormitório ganhou uma pia com gabinete externo, deixando o vaso sanitário num espaço independente. Isso, é claro, além do tão sonhado banho na varanda.
A elegante parede de pedras do dormitório também veio de um desejo que apareceu durante uma viagem para Maiorca, famosa por suas pedras em bege, creme e tons amarelados.

Sentada no terraço, onde cordas de sisal filtram a luz, Julie reflete sobre a jornada que a trouxe até ali. Cada espaço do lar guarda uma história: a luminária garimpada em Lisboa, as poltronas herdadas da mãe e reinventadas com novo tecido, a salinha com teto de biriba que lembra uma casa de praia…
“Ficar em casa, para mim, é o maior luxo que posso ter”, assume. Talvez resida aí o segredo de sua influência: na capacidade de transformar o cotidiano em beleza, mostrando que o verdadeiro lar é feito de memórias e imperfeições.
CRÉDITOS DE PRODUÇÃO
Texto Marina Marques
Fotos Wesley Diego Emes
Concepção visual Luana Alves
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