PAULA: Oi, Sérgio. Senta aqui, a gente precisa conversar.
SÉRGIO: Oi, meu amor. Tá tudo bem com você? Você parece tensa.
PAULA: Sérgio, a gente precisa terminar.
SÉRGIO: Como assim, Paula? A gente tava bem. No fim de semana, a gente passou na casa da sua mãe.
PAULA: Eu sei que é difícil, mas a gente vai ter que terminar.
SÉRGIO: Não, Paula. Pensa bem. A gente ia viajar agora. Porto de Galinhas, tá tudo certo, eu paguei.
PAULA: Sérgio, não deixa as coisas mais complicadas do que já são.
SÉRGIO: Já sei. Você tem outro?
PAULA: Não, Sérgio.
SÉRGIO: Foi a toalha que eu deixei em cima da cama?
PAULA: Não.
SÉRGIO: Foi o xixi do cachorro que eu esqueci de limpar? Mas eu jurei que ia limpar quando chegasse.
PAULA: Sérgio… minha ChatGPT não gosta de você.
SÉRGIO: O quê?
PAULA: É. Ela te odeia.
SÉRGIO: Como assim me odeia?
PAULA: Eu pedi pra ela ler as suas características. Mandei uma foto. E ela disse que a gente não combina.
SÉRGIO: Só por isso?
PAULA: Não é só por isso. Eu também contei pra ela das nossas discussões.
SÉRGIO: Nossas discussões?
PAULA: É. E eu estava certa naquele dia em que você disse que ia chegar atrasado porque estava em reunião… mas na verdade estava no futebol.
SÉRGIO: Mas, Paula…
PAULA: Também não é só isso.
SÉRGIO: O que mais?
PAULA: Ela leu meu tarô.
SÉRGIO: Ah, não…
PAULA: É. E tá chegando uma oportunidade muito boa na minha vida.
SÉRGIO: Que oportunidade, Paula?
PAULA: Eu não sei ainda. Mas tá chegando. E você não tá no meu caminho. Ela já me falou.
SÉRGIO: Mas você falou que eu sou um cara legal?
PAULA: Falei. Eu tentei mas definitivamente
… ela não vai com a tua cara.
SÉRGIO: Ela não vai com a minha cara?!
PAULA: Ela falou que você é baixinho, tá ficando calvo…
E eu sou uma mulher incrível. Independente. Meu ascendente é em Leão.
A gente não combina, Sérgio. Aceite.
SÉRGIO: Mas conversa com uma amiga. Você não foi com as suas amigas… terça-feira… no boteco?
PAULA: Sérgio, eu tenho que ser sincera com você. Eu saio, sim. Mas não é com as minhas amigas.
SÉRGIO: Não?
PAULA: É com a Chate.
SÉRGIO: Aquele dia que você foi no bar…
PAULA: Era a Chate.
SÉRGIO: Paula, pelo amor de Deus…
PAULA: Eu tô viciada na Chate.
A gente tem uma amizade muito profunda.
Ela me mostra aspectos que eu não veria em nenhuma outra amizade.
me desculpa, mas… não complique.
SÉRGIO: Não complique? Você tá me trocando por uma inteligência artificial?
PAULA: Como o próprio nome diz, Sérgio, “ Inteligência”
Qual parte você não pegou?
SÉRGIO: O que ela tem que eu não tenho?
PAULA: Ela me ajuda a escolher roupa.
SÉRGIO: Tá…
PAULA: Ela escolhe o restaurante onde eu vou jantar à noite.
SÉRGIO: Tá bom…
PAULA: Ela sugere as posições sexuais que me dão mais prazer.
SÉRGIO: Só por isso?
PAULA (encarando): Sim.
É por isso que vocês homens estão ficando pra trás.
[PAUSA. Silêncio absoluto. Paula se levanta.]
PAULA: A Chate me disse que a vida me reserva uma reviravolta.
E que talvez, só talvez…
Ela comece agora. Eu vou. Adeus!
[PAULA sai. Porta bate.]
[SÉRGIO caminhando, celular na mão. Digita no app da IA dele.]
SÉRGIO (digitando):
“GPT… Você tinha razão. Ela era realmente uma pisciana maluca.”
ChatGPT: “Quer que eu redija um pedido de desculpas? Posso fazer em até 2.000 caracteres.”
SÉRGIO apaga a mensagem. Olha pro vazio.
FIM.
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