No apartamento de Maqui Nóbrega, tudo fala de pertencimento. Entrar em seu lar em São Paulo é se deparar com um universo particular que instantaneamente traz a sensação de encantamento.
Cada pedacinho revela um pouco da personalidade da moradora: a mistura de cores intensas utilizadas com sabedoria, os objetos de design inusitados e o projeto arquitetônico pensado com criatividade só poderiam ser de alguém que conhece bem seu lugar no mundo.
A influenciadora digital, que atuou por anos como designer em grandes publicações — a exemplo da revista Capricho —, é uma das vozes mais originais da internet quando o assunto é autenticidade, estilo de vida e liberdade estética. Por trás de uma presença marcante nas redes, onde fala sobre viagens, gastronomia e body positivity, está alguém com olhar apurado e uma forte conexão com tudo que a cerca.
Durante anos, Maqui atuou nos bastidores de produções audiovisuais, principalmente ao lado da sócia, Karol Pinheiro, com quem hoje divide o canal Yay Produções. Mas foi na pandemia, sozinha em casa, que decidiu virar a câmera para si mesma.
“O primeiro vídeo que postei foi um em que eu raspava o cabelo”, relembra sobre a publicação feita num impulso. Nela, inclusive, Maqui diz que não sabia se iria voltar a gravar novos conteúdos. Pois, a partir daí, não parou mais.

Hoje, soma uma comunidade fiel que a acompanha não apenas pelas dicas e humor afiado, mas pela maneira de enxergar o mundo. Sua forma de viver se traduz em sua casa: um apartamento decorado com Legos, desenhos confeccionados por fãs e uma suíte dos sonhos.
O espaço foi adquirido em 2021, e não veio de um sonho planejado, mas sim de forma quase intuitiva: o prédio era num bairro do qual gostava, sua melhor amiga morava ali e significava a oportunidade de começar uma casa do zero.

O imóvel estava no contrapiso, nunca havia sido habitado: tinha três quartos, uma varanda gourmet e muitas paredes divisórias. “Quando entrei pela primeira vez, nada me encantou aqui”, confessa, mas a futura moradora já era dona de uma imaginação fértil e foi logo esboçando como seria seu lar ideal.

Um de seus desejos mais antigos guiou a decisão: queria, acima de tudo, uma banheira. “Eu era aquela pessoa que ia para um hotel só para usar a banheira, sabe?”, se diverte. Logo, chamou um engenheiro e ouviu dele que o sonho da banheira própria era possível, e assim fechou o negócio.

Maqui trouxe uma pasta cheia de referências para o arquiteto Henrique Diamantino, responsável pelo projeto, e uma condição: queria um espaço original, que não fosse reaproveitado de nenhum outro.
“Se eu tiver te passando qualquer coisa que você já tenha feito em outro apartamento, você me avisa, que não vou querer mais fazer”, propôs ao profissional. Um dos pontos mais surpreendentes do imóvel, a suíte teve as paredes substituídas por divisórias de vidro — uma solução ousada que garantiu mais entrada de luz e uma vista da cidade.

“Todo mundo sempre me pergunta: ‘Mas os vizinhos não te veem tomando banho?’ Cara, nunca ninguém falou nada”, dá risada. Depois de 16 anos passando perrengue num box apertado no antigo apartamento, Maqui queria algo amplo e confortável. Para ganhar mais espaço, a varanda gourmet do projeto original foi transformada em mais espaço de banho, que era prioridade para a moradora.

“Eu olho esse amarelo e fico feliz instantaneamente, sabe? Me dá um negócio bom”
Maqui Nóbrega
Outra vontade sua foi a de inserir cores neon em algumas paredes, mas o desafio apareceu ao tentar encontrar uma tinta que permitisse a ousadia. Na dificuldade em achar o tom, a solução foi recorrer à tinta automotiva para colorir as vigas da sala e alguns pontos estratégicos.
“Acho o mercado brasileiro de decoração ainda muito careta. Eu queria uma torneira colorida, tive que pintar porque não existia. E também um banheiro inteiro de uma cor só, mas para achar um azulejo que funcionasse no chão e na parede foi muito difícil, porque não existe nada colorido. Tive que adaptar bastante as minhas referências iniciais.”

“Acho o mercado brasileiro de decoração ainda muito careta. Tive que adaptar bastante as minhas referências iniciais”
Maqui Nóbrega
Para Maqui, as cores sempre foram uma forma de expressar alegria: “Eu tenho fotos minhas, aos 15 anos, com as unhas pintadas de neon e sombra amarela no olho. Minha mãe sempre me vestiu com muitas cores. Quando ela era mais jovem, se vestia bem colorida também. Não sei exatamente de onde vem isso, mas quando vejo cores me sinto bem. Claro, não gosto de me vestir inteira de uma cor vibrante, mas são toques. Eu olho esse amarelo e fico feliz instantaneamente, sabe? Me dá um negócio bom”, comenta ao admirar sua sala de estar.
A cozinha integrada foi desenhada para permitir que ela preparasse suas receitas olhando para a TV, conversando com as visitas e aproveitando seu espaço com os três pets: duas gatas, Riri e Tita, e um cachorro, o Cão (sim, esse é o nome dele).

Apesar de pequena, a cozinha ganhou um ar divertido com a ilha de granilite. É ali que a YouTuber grava suas receitas e passa grande parte do seu tempo cozinhando, uma de suas atividades favoritas desde que se conhece por gente. Uma de suas produções de mais sucesso, inclusive, é o quadro “Sim, chef”, onde assume a cozinha de seus restaurantes favoritos para um dia de trabalho com as mãos na massa. Maqui já comandou as panelas com as chefs Paola Carosella e Renata Vanzetto, por exemplo.
Por fim, o processo inteiro da reforma foi leve, sem exigências excessivas. “Eu não sou perfeccionista, nem do tipo crica, sou desapegada. Só confiei e deu certo.” E foi assim que conquistou um espaço ainda mais personalizado do que sonhou.

Tudo foi pensado para resultar numa casa onde a moradora pudesse usufruir de sua própria companhia — recebendo visitas, é claro, mas que priorizasse a rotina de uma mulher que valoriza os momentos a sós.
“Quando compartilhei minha reforma na internet, muita gente perguntava onde as visitas dormiriam, se não teria um quarto de hóspedes… E eu sempre respondi: ‘Gente, essa casa é minha. Eu estou construindo ela para mim. Se alguém vier dormir aqui, pô, dorme no sofá, vai dar um jeito’. Eu pensei em tudo muito para mim… E para os meus bichos, e é isso.”

Hoje, mesmo com a rotina de viagens e gravações, Maqui enfatiza que não há lugar melhor no mundo. “Eu durmo em lugares incríveis, hóteis, mas não tem nada como chegar em casa, juro… A minha cama, sabe? Estou aqui há quatro anos, mas parece que estou a vida inteira.” Assim, a casa que ela desenhou com liberdade, carinho e criatividade virou extensão de quem ela é.
CRÉDITOS DE REPORTAGEM
Texto: Marina Marques
Fotos: Mayra Azzi
Edição de Arte: Catarina Moura
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