“Uma sociedade saudável está economicamente melhor”, diz a CEO da Roche Pharma Brasil

Lorice Scalise é a primeira mulher e também a primeira pessoa latina e latino-americana a liderar a Roche Pharma Brasil. Ela defende uma visão de saúde ampliada que vai além do tratamento de doenças – enfatizando a importância da diversidade, equidade e inclusão como pilares estratégicos de suas decisões.

Sob sua liderança, a empresa reforça o compromisso com a inovação sustentável e o impacto social positivo. Isso porque a executiva acredita que o futuro da saúde depende também da ampliação do acesso a tratamentos e diagnóstico. Lorice é a nova convidada do videocast Eu, CEO, criado por CLAUDIA para destacar mulheres em cargos de liderança e gestão. Conosco, ela compartilha os desafios e realizações de sua trajetória.

Para conferir o episódio na íntegra, assista ao canal Veja+, disponível gratuitamente no Samsung TV Plus (canal 2075), hoje às 19h, ou acesse nosso canal do YouTube.

Abaixo, confira a entrevista completa:

Você costuma dizer que o cuidado com a saúde é o cerne de uma sociedade economicamente forte. Na prática, como essa relação entre saúde e economia se manifesta?

Para cada R$ 1 investido em saúde, sabemos que retorna R$ 1,63 para o PIB. Esse é o último estudo que a Roche patrocinou. Ou seja, a saúde é a base de toda a sociedade. Uma pessoa economicamente ativa precisa estar saudável.

Na maioria dos lares onde nós temos mais situação de vulnerabilidade, a mulher, inclusive, é o principal provedor da família. Então, sim, uma sociedade saudável também significa uma sociedade economicamente e socialmente melhor.

Sob sua liderança, a empresa tem reforçado o compromisso com a inovação sustentável e o impacto social positivoRenato Nascimento/CLAUDIA
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Falamos sobre a dificuldade de ter mulheres em posições de liderança, mas será também porque, inclusive, a saúde dessas mulheres não está sendo cuidada ao longo do caminho para que elas possam alcançar posições mais altas?

Sim. Eu gosto sempre de fazer uma analogia com a definição da OMS sobre saúde, que é o bem-estar físico, mental e social. A sobrecarga de trabalho que recai sobre a mulher, principalmente, faz com que nós vivamos mais que os homens, mas a gente vive por muito mais tempo adoecidas, cansadas e estressadas.

E isso faz com que, muitas vezes, a gente tenha que repriorizar as nossas carreiras, os nossos investimentos pessoais e o nosso desenvolvimento profissional para poder dar conta de toda a carga de trabalho e responsabilidades.

Você acredita que teve desafios que você enfrentou que, se fosse um homem, talvez não seria dessa mesma forma?

Tudo isso que eu trago como discurso é a minha experiência também. Eu sou mãe, tenho três filhos e praticamente criei eles sozinha. Tenho uma mãe idosa, também cuido dela. Essas cargas de responsabilidade sempre permearam a minha carreira. As mulheres são capazes de fazer várias coisas ao mesmo tempo, então você assume várias responsabilidades e depois entende que nem sempre isso é saudável.

Quando eu participava de uma reunião e, por muitas vezes, era a única mulher na sala, às vezes fazia uma reflexão: os meus colegas, que estão impecáveis, com as camisas impecáveis, será que eles tiveram o trabalho de pensar quem lava, quem passa e quem põe essa camisa de volta no guarda-roupa?!

O que você aprendeu nessa posição de alta liderança?

Um aprendizado é que não existem limites. São crenças limitantes que nos limitam, mas na verdade eles não existem.Nada está definido. Nós definimos os nossos caminhos. Por mais que existam inúmeras vozes gritando, ou inúmeros ruídos dizendo que aquilo não é para você, a gente pode desconstruir – e eu desconstruí durante a minha carreira.

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Por muito tempo, os lugares nos foram negados e as justificativas eram que nós não estávamos preparadas. Mas não podemos assumir verdades que não são nossas. 

Dentro da Roche, por exemplo, como é possível ter um desenvolvimento para garantir mais lideranças femininas?

Acho que o principal papel das empresas, como um cidadão corporativo, é desconstruir arquétipos para que esses lugares estejam abertos para todas as mulheres. O segundo, no meu ponto de vista, é desafiar mandatos e modelos que existem atualmente e que continuam trazendo selos. 

Eu vou te dar um exemplo concreto: licença-maternidade continua sendo um selo. Cada vez que a gente confere uma licença-maternidade para uma mulher de cinco meses em casa e, para o homem, cinco dias, qual é a mensagem por trás disso? É que você, mulher, é responsável por aquela criança. Então, as empresas, como cidadãs corporativas, têm que desafiar arquétipos e mandatos.

Como a gente pode ampliar o acesso à saúde para todas as mulheres? E como você usa sua voz para poder quebrar essas barreiras?

Primeiro, acredito que mais mulheres em posição de liderança permitem o acesso. Porque os nossos pacientes são metade mulheres. E muitas vezes quando as decisões são tomadas, nós só temos homens. Nem sempre eles conseguem ter a empatia necessária porque eles não vivem, eles não percebem, eles não experimentam o mundo da nossa perspectiva.

Fora isso, a gente tem muitas outras barreiras. Mesmo barreiras de acesso como transporte. Que horário da semana essas mulheres têm disponível para agendar uma consulta ou para fazer uma atividade de autocuidado? Precisamos falar cada vez mais sobre esse tema, gerar essa empatia, criar essa consciência, para que nós, mulheres, possamos nutrir a nossa rede de possibilidades para que outras tenham acesso à saúde.

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Renato Nascimento
Lorice Scalise e Helena GalanteRenato Nascimento/CLAUDIA

Agora sobre o papel de gestão e como é o desenvolvimento das equipes. Como aproveitar o melhor de cada pessoa em um time?

A gente tem uma cultura de muita inclusão, de pertencimento. Acho que o primeiro ponto e o fundamental é que a gente respeita e estimula que cada um traga o seu ser para o trabalho. Ninguém precisa ser algo que não é – isso já alivia toda uma pressão. 

E dentro disso, claro, lembrar do nosso propósito. Nós trabalhamos para que cada pessoa que precise de um tratamento receba no menor tempo possível, e com o menor custo social. Sempre afirmamos que trabalhamos para que todo mundo possa voltar para casa. Cada pessoa que trabalha na Roche tem este compromisso. Porque ele não é com a empresa, é com os pacientes que nós servimos. Acho que esses são os pontos fundamentais.

Hoje, quando você pensa em grandes sonhos, incluindo sonhos profissionais, quais são eles?

Um grande sonho para mim seria proporcionar acesso a mais pessoas. E que o nosso sistema de saúde, principalmente aqui no Brasil, fosse genuinamente mais equitativo. Que a gente não tivesse um protocolo na medicina privada e outro protocolo na medicina pública. Que a gente não tivesse, por exemplo, uma diferença de 20 anos de expectativa de vida entre uma pessoa que nasce na Faria Lima e uma pessoa que nasce no bairro Anhanguera.

E como carreira profissional, sou muito realizada, gosto muito do que eu faço. É uma posição que me permite influenciar a vida dos pacientes que a gente serve, a sociedade em que a gente está inserido e trazer o retorno para a organização em que estou.

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