Paola Montenegro é sobrinha-bisneta de Tarsila do Amaral e, desde 2023, exerce a liderança da Tarsila do Amaral Licenciamento e Empreendimentos S.A, empresa responsável por gerir o legado artístico da pintora modernista.
Com ela, a gestão ganhou ar moderno, transparente e estratégico, buscando se conectar com novas gerações por meio de parcerias em moda, cultura e lifestyle – além de reposicionar a obra de Tarsila como patrimônio vivo e relevante no Brasil contemporâneo.
Além disso, Paola atua também como DJ, unindo sua própria voz artística ao legado familiar. A executiva é a nova convidada do videocast Eu, CEO, criado por CLAUDIA para destacar mulheres em cargos de liderança e gestão. Conosco, ela compartilha os desafios e realizações de sua trajetória.
Para conferir o episódio na íntegra, assista ao canal Veja+, disponível gratuitamente no Samsung TV Plus (canal 2075), hoje às 19h, ou acesse nosso canal do YouTube.
Abaixo, veja os melhores momentos da entrevista:
Fico imaginando como foi crescer em uma família que tem a herança artística de Tarsila do Amaral. Deve ter sido muito único. Qual é a sua primeira lembrança dessa conexão com ela?
Lembro quando eu estava na escola e os professores falavam sobre ela. Eu secretamente ficava nervosa porque era minha tia bisavó e não sabia se falava para os colegas ou não. Em casa, meus pais me orientavam a sempre levar alguma informação junto. Cresci tendo ela como essa grande mestra, mas também com esse olhar de família, de pessoa próxima, de humana.
Você pensa nela quando você tem que tomar uma decisão?
Eu só sou quem sou e só estou onde estou por causa dela. O meu papel é preservar o legado da Tarsila e levar esse legado para as próximas gerações. Então, todas as atitudes que eu tomo é pensando nela.
Por um lado há a pintora, que é como uma entidade que todos nós reverenciamos, e por outro, há a Tarsila familiar. Existe uma contradição entre essas duas figuras?
O que sempre ouvi e até nas entrevistas que ela deu, que foram poucas, ela falava que era uma pessoa tímida e se colocava nesse papel realmente humilde. Mas tento pensar até onde ela se sentiria confortável como pessoa. Como grande mestre, a gente sabe que ela criou obras que fazem parte da história do nosso país.
Nesse sentido, como pessoa da família que tem essa responsabilidade de propagar o legado, tento colocar essas curiosidades na rua e inspirar as pessoas. Se a gente só olha as nossas grandes inspirações muito de baixo para cima, não conseguimos ver o caminho para chegar até eles.
Você se reconhece nessa timidez?
Com certeza. Sinto que ela está me ajudando muito nisso – toda vez que vou fazer uma entrevista, como essa que estamos fazendo, escuto essa gravação daquela entrevista que ela deu e falava que era muito tímida, mas que estava bem.
Quando você assumiu a liderança, o que você tinha em mente sobre as mudanças que precisavam ser feitas na empresa?
Todas as empresas precisam se rejuvenescer de tempos em tempos para se conectar com as novas gerações que estão vindo. Com a Tarsila era a mesma coisa. Comecei a trabalhar com a empresa em 2021, assumindo o papel de gestora de redes sociais – e lá eu via a necessidade de aproximar a Tarsila do público.
Com a interação, percebi que estava faltando informação sobre ela e é isso que, hoje, tomo muito como ponto-chave da minha gestão. Trazer essa transparência, a tecnologia e a ciência para dentro da empresa é essencial. Além de, claro, conversar com outros nichos e marcas brasileiras.

Você é uma mulher jovem em um alto cargo de liderança. Você ouviu comentários a esse respeito?
É muito engraçado porque nós, mulheres, temos conosco a síndrome do impostor. Nunca nos achamos capazes de fazer certas coisas. Quando os homens só vão, eles nem pensam. Quando assumi o cargo, decidi que eu não ia duvidar de mim. Estou me munindo de cursos, informações, estudando muito, lendo todos os livros, teses, tudo o que tem pela frente…
Quando falam que eu sou nova, respondo que sempre vou ser muito nova perto de outra mais velha. No final das contas, são só opiniões. Meu propósito é tão grande que eu realmente não ouço, quero focar em ampliar o legado dela para o Brasil.
Como você sente que a Tarsila lidou com as questões da nacionalidade e do gênero?
Quando ela foi para Paris, estava envolvida em um grupo de homens, que tinha a Anita Malfatti também, que fazia parte do grupo dos cinco. Todo mundo achava que ela tinha um quê de especial: ela se vestia super bem, falava francês, português, estudava bastante, era uma pessoa cativante.
E, como artista, ela quebra todas as barreiras. Naquela época, não se falava em feminismo, mas ela quebrou diversas barreiras e abre caminhos para muitas outras mulheres.
Usamos a palavra ‘moderno’ como um sinônimo do que é atual. Pensando nessa concepção, o que você entende que é um estilo de liderança moderno e feminino?
Considero o que estou fazendo, de certa forma, moderno. Estou quebrando os paradigmas, como a forma como era feita a certificação de obras. Também foi uma quebra colocar a Tarsila com públicos mais novos. Dentro do meu universo, considero que isso é muito bom.
Qual é o maior sonho que você deseja alcançar à frente da Tarsila S/A?
Gosto de falar que estou realizando um sonho diariamente, porque realmente é uma honra fazer o que faço. Fico honrada e muito feliz de poder levar o legado dela para frente. Acho que um dos meus grandes sonhos é ir para algum museu fora do Brasil e encontrar a Tarsila sendo colocada párea aos grandes mestres da pintura porque ela já é, mas o resto do mundo precisa reconhecer isso também.
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