A primeira edição da Casa Clã Finanças começou com um auditório lotado — em sua maioria de mulheres — para acompanhar o talk “Autoconhecimento, a chave para a estabilidade”. A conversa foi mediada por Paola Carvalho, colunista de finanças pessoais da CLAUDIA, e contou com a participação da psicanalista Ana Suy e da economista Regina Madalozzo, autora do livro Iguais e Diferentes.
Dinheiro, uma ferramenta de poder
O que, afinal, o dinheiro significa para as mulheres? Mais do que valor de troca, ele carrega simbolismos profundos e, muitas vezes, reflete nossas inseguranças.
“Quando pagamos o que devemos, nos livramos de um vínculo. Mas a dívida, seja financeira ou simbólica, nos liga às pessoas”, destacou Ana Suy.
A lente da economia feminista
Recém-vencedora do Prêmio Jabuti, Regina explicou que sua motivação para escrever o livro foi reunir mais de duas décadas de pesquisa sobre economia feminista.
Segundo ela, essa perspectiva permite enxergar para além dos números, revelando os fatores sociais e as desigualdades estruturais que moldam as escolhas financeiras.
“Raramente ouvimos um homem dizer ‘não sei onde colocar meu dinheiro’, mas entre mulheres essa frase é comum. Isso porque não fomos treinadas para lidar com finanças”, afirmou.
Sua pesquisa mostra ainda como o dinheiro está diretamente ligado ao senso de valor próprio. Não à toa, tantas mulheres hesitam em pedir aumento de salário, questionando se realmente “merecem” tanto.
Como buscar estabilidade em meio à desigualdade
“Cada mulher vive uma realidade única. Falar de carreira feminina no Brasil é falar de um universo muito amplo”, lembrou Ana Suy. Ela destacou também que o acesso a oportunidades — inclusive a presença no evento — muitas vezes só é possível porque outras mulheres estão dedicadas ao trabalho de cuidado com filhos e casa.
Regina reforçou que a desigualdade de gênero é estrutural: “Quando nos candidatamos a uma vaga, o simples fato de termos um nome feminino já pesa na avaliação. Nossas competências ainda são subestimadas”.
O dilema entre autocuidado e exigência
Do ponto de vista da psicanálise, Ana Suy ressaltou como, mesmo em situações de sucesso, muitas mulheres têm dificuldade em se apropriar do próprio dinheiro. Ela relembrou uma conversa que teve com Regina pouco antes do talk: “Apesar de ter acabado de ganhar um grande prêmio de literatura, Regina se perguntou: ‘será que eu deveria estar aqui?’.”
“Não nos escolhemos quando não nos conhecemos. Sem autoconhecimento, dificilmente alcançamos estabilidade.”
Ana Suy
Mas a busca pelo autocuidado e reconhecimento pode esbarrar em um costume majoritariamente sentido por mulheres: a autoexigência. Ana alerta para o risco de transformar o cuidado financeiro em mais uma cobrança, assim como acontece com saúde ou estética. “O objetivo é que as finanças se tornem um caminho para o empoderamento, e não mais uma fonte de maltrato”, fiz.
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