Juliana Alves sobre ‘Três Graças’: “Três protagonistas mulheres fortalecem nosso elo”

Atriz, mãe, ativista, apresentadora… são muitas as formas de apresentar Juliana Alves, mas nenhuma consegue sintetizar tudo o que ela representa.

No sangue, é a bagagem ancestral rica em luta e política que conduz seus sonhos e mentalidade à frente do tempo. No corpo, carrega a força e a maturidade de quem entende o poder e insistência necessários para uma mulher se destacar em uma sociedade patriarcal.

No peito, porém, o que pulsa é uma paixão que move cada passo seu: arte guiada por uma vontade incessante de transformar a visão estigmatizada da mídia sobre vozes que foram historicamente silenciadas – mesmo que em passos de formiguinha.

Agora, no auge dos seus 22 anos de carreira, ela vive uma fase especial: de volta à TV Globo na próxima novela das 21h, Três Graças, escrita por Aguinaldo Silva, encara uma personagem completamente diferente dela, num núcleo cômico que promete destaque.

Ao mesmo tempo, estreia como apresentadora no reality No Jogo (Canal E!) e já pode ser vista em Capoeiras, série da Disney+ que mergulha em temas como ancestralidade e resistência.

Capoeiras, série da Disney+.Capoeiras/Reprodução

Vínculo orgânico

Esse caminho artístico surgiu cedo e de forma natural. Primeiro na dança, aos quatro anos, depois no teatro, aos dez. “Sempre enxerguei a arte como algo que fazia parte da minha vida, mas eu nunca tive essa visão de ser atriz como profissão. Foi a própria vida que me mostrou o caminho”, relembra.

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Já aos 20 anos, Juliana integrou o balé do Faustão e, pouco depois, estreou como atriz em Chocolate com Pimenta (2003). Vieram, então, 13 novelas, 11 séries e especiais, nove filmes e um espetáculo musical. A validação definitiva, segundo ela, aconteceu em Duas Caras (2008), quando recebeu o prêmio de Atriz Revelação da revista “Contigo!”.

“Até aquele momento, eu só focava nos estudos porque acreditava que não estava pronta. Precisei da validação externa para começar a acreditar em mim. E, mesmo hoje, continuo não estando pronta. Cada personagem é um desafio novo que me obriga a me reinventar.”

Múltipla

Entre tantos papéis memoráveis, Juliana já deu vida a mulheres complexas e cheias de nuances, como Cida, a motorista de ônibus de Volta por Cima, que trouxe à tona a discussão sobre estresse pós-traumático. Mas também Wanda, modista elegante de Amor Perfeito, ou a Dra. Vera Vicente, neurocirurgiã do filme Fé Para o Impossível (Netflix).

Imagem da atriz Juliana Alves, que deve participar da nova novela das nove da TV globo, interpretando seu papel em Capoeiras, série da Disney+.
Juliana em cena para a série Capoeiras, da Disney +Capoeiras/Reprodução

A pluralidade como artista é evidente, mas todas as suas escolhas, profissionais ou não, parecem ser movidas por um ativismo encorajado pelas dores da vida. Voz ativa no movimento antirracista, Juliana é daquelas que faz questão de manter seus trabalhos alinhados com o seu lado “ativista”, como costuma dizer.

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Imagem da atriz Juliana Alves, que deve participar da nova novela das nove da TV globo.
Para a ex-participante do reality BBB 3, ser antirracista é algo que vem de família.Maju Magalhães/Divulgação

“Meu sonho é poder chegar no set de filmagem e poder só estar com o meu texto estudado, pensando na personagem, ir lá gravar e filmar. Mas, no Brasil, a gente ainda precisa cuidar de coisas que vêm antes disso, do processo criativo, da narrativa e dos códigos, os códigos que estão inseridos numa cena preconceituosa.”, diz.

Por trás das câmeras

Para arrancar um sorriso espontâneo de Juliana, basta mencionar sua filha de 8 anos. É que a atriz compreende a maternidade como uma equação ao mesmo tempo louca e prazerosa. “Com ela, me sinto uma pessoa melhor em todos os sentidos. Me vejo muito mais forte, mas tudo que envolve minha filha acaba sendo meu ponto fraco. Tudo que a envolve é sensível e caro para mim.”

Esse prazer incomparável de acompanhar cada passo de sua filha é guiado por um pensamento livre de idealizações: “As pessoas falam ‘Ah, a maternidade é caótica.’ Eu digo: um caos é você idealizar algo assim. Eu nunca imaginei que seria tranquilo.”

Sem camadas

Imagem da atriz Juliana Alves, que deve participar da nova novela das nove da TV globo, apresentando o reality No Jogo com elenco de mulheres pretas.
Juliana apresenta o reality ‘No Jogo’, com elenco potente de mulheres pretas, transmitido pelo canal E!No Jogo/Reprodução
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Ao apresentar o reality No Jogo, o maior desafio, para ela, é não ter ali um personagem que a proteja: “Ali sou eu mesma, a comunicadora. Precisei aprender a equilibrar emoção e clareza na comunicação, sem me tornar amiga ou coach das participantes. Foi uma experiência inédita, de muito cuidado e atenção.”

Mais uma vez desacreditada com as oportunidades e coincidência da vida, explica que receber a confiança da produção, em que 12 atrizes disputam três papéis na série In(vulneráveis) (Universal TV), foi motivo de honra: “É um dos trabalhos que mais senti orgulho em fazer. Há tantas atrizes e apresentadoras negras incríveis no Brasil, e eles escolheram acreditar em mim para apresentar.”

A nova novela das 21h

Agora, em Três Graças, Juliana interpreta Alaíde, uma personagem totalmente diferente de si mesma, inserida em um núcleo cômico. Sua empolgação na etapa de preparação para as gravações se deve, em grande parte, pela parceria com colegas de cena e a possibilidade de explorar novas facetas da comédia.

“Uma das grandes alegrias foi contracenar com Augusto Madeira, Otávio Mille e Regiane Faria. Foi gratificante receber o convite e perceber a confiança que o diretor deposita no nosso núcleo.”, ressalta.

A novela, que traz três protagonistas mulheres, também simboliza, para Juliana, avanços importantes na representação feminina na teledramaturgia.

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É muito bonito que essa história seja mostrada desse ponto de vista, por meio desse vínculo entre mulheres. Quando vejo uma novela com três protagonistas mulheres, sinto um fortalecimento de elo entre nós. Espero que seja igualmente inspirador para outras.”, conta.

E o futuro?

“Quero continuar fazendo trabalhos que me desafiem, que me permitam descobrir habilidades que eu nem sabia que tinha. Tenho vontade de voltar ao teatro, que é minha base, mas o audiovisual tem me puxado. Então, seguimos nesse movimento. Axé!”

E se engana quem pensa que o foco está apenas na carreira. Para ela, a maior conquista é ver a filha se sentir fortalecida e feliz: “Quero que ela se sinta fortalecida, que se sinta bem consigo mesma e possa reconhecer seus aprendizados de maneira feliz.”

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