Muito se fala sobre o número de casos de câncer de mama, um dos que mais acomete mulheres no país e no mundo. Mas ele não é o único. Existe um grupo de cinco tipos que afetam o sistema reprodutor feminino: os chamados cânceres ginecológicos.
“É natural que o câncer de mama receba tanta atenção, porque é o mais incidente, não apenas entre as mulheres, mas em toda a população brasileira. Porém, há outras doenças, muitas delas evitáveis”, afirma Angélica Nogueira Rodrigues, presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica. Segundo ela, quando somados os casos de mama e ginecológicos, o Brasil registra cerca de 100 mil mulheres acometidas por ano.
Apesar do índice de mulheres diagnosticadas se manter na casa dos milhares, a conscientização sobre o tema permanece limitada. Por isso, algumas medidas vêm sendo implementadas para ampliar o acesso à informação. Entre elas está o Simpósio Anual EVA.
Desde ontem, 11 de setembro, São Paulo está sendo palco da 8ª edição do evento, promovido pelo Grupo Brasileiro de Cânceres Ginecológicos (EVA). O encontro reúne especialistas de diferentes partes do mundo, além de pacientes e instituições, com o objetivo de debater sobre prevenção, diagnóstico e tratamento.
Nós, de CLAUDIA, acompanhamos de perto as inovações apresentadas e as propostas do núcleo médico para combater essas doenças.
Avanços Científicos
Durante os dois dias de encontro, um dos pontos altos foi a apresentação de pesquisas desenvolvidas no Brasil e debatidas com especialistas internacionais.“Tivemos proximidade com experts do mundo inteiro, discutindo estratégias. Foi quase uma mentoria”, relata Andréa Paiva Guimarães, presidente do EVA. Segundo ela, a proposta incentivou novas iniciativas e aproximou ainda mais a comunidade científica.
Além dos aspectos acadêmicos, a presença da indústria também foi pauta. “É importante termos parcerias e apoios para viabilizar os eventos, mas sem perder o foco científico e o objetivo de conscientização”, acrescenta.
Setembro em Flor
Desde 2023, setembro passou a ser dedicado à conscientização sobre os cânceres ginecológicos, com a campanha Setembro em Flor. O objetivo é levar informação sobre os cinco tumores que compõem esse grupo: colo do útero, endométrio, ovário, vagina e vulva.
Segundo Andréa, a campanha foi idealizada há cerca de cinco anos e tem como símbolo uma flor de pétalas coloridas, cada uma representando um tipo de câncer. “Do colo do útero, temos prevenção com a vacina contra HPV e rastreamento adequado (Papanicolau e teste do DNA do HPV). Para os outros, infelizmente, não há muitos métodos eficazes de rastreamento precoce”, explica.
Para os tumores que ainda não contam com métodos preventivos, reconhecer sintomas iniciais é fundamental. “Sangramento vaginal fora do período menstrual já é um sinal importante. Persistência de dor pélvica, aumento de volume e desconforto abdominal, ou lombar, precisam ser investigados. Não é normal!”, alerta Andréa.
A proposta é clara: reforçar que o acompanhamento médico regular, exames e consciência corporal são fundamentais para reduzir o avanço dessas doenças.
Câncer de colo de útero x HPV

Durante o simpósio, especialistas reforçaram a importância de ampliar o rastreamento e a vacinação contra o HPV, responsável por 99% dos casos de câncer de colo de útero, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA).
Uma pesquisa do Grupo EVA revelou que seis em cada dez brasileiras desconhecem a relação entre o vírus e o câncer — dado que acende um alerta sobre a falta de informação.
Em uma das palestras, o médico Júlio Teixeira, pesquisador da Unicamp, destacou a relevância dos testes de HPV. “Com eles a gente vai descobrir também muitas lesões pré-câncer, quatro vezes mais do que a citologia detecta. E todos os casos que iam aparecer na nossa porta nos próximos 10 anos, com sintomas, a gente traz para a fase assintomática, microscópica e curável”, explica.
Questionado sobre a taxa de cura, Teixeira é enfático: “Depende do estágio. Detectado na fase inicial, é próximo de 100% de cura. Mas 70% dos casos hoje já estão avançados”.
Apesar do cenário preocupante, ele afirma que é possível virar esse jogo. “Se a gente organiza o sistema e amplia a cobertura, dá para inverter esse quadro”. O estudioso declara que no futuro será possível ganhar tempo, acesso, qualidade de vida, prevenção e redução de custos para o SUS.
Assine a newsletter de CLAUDIA
Receba seleções especiais de receitas, além das melhores dicas de amor & sexo. E o melhor: sem pagar nada. Inscreva-se abaixo para receber as nossas newsletters:
Acompanhe o nosso WhatsApp
Quer receber as últimas notícias, receitas e matérias incríveis de CLAUDIA direto no seu celular? É só se inscrever aqui, no nosso canal no WhatsApp.
Acesse as notícias através de nosso app
Com o aplicativo de CLAUDIA, disponível para iOS e Android, você confere as edições impressas na íntegra, e ainda ganha acesso ilimitado ao conteúdo dos apps de todos os títulos Abril, como Veja e Superinteressante.