A maternidade dá ferramentas para liderar melhor, diz Luana Génot

Luana Génot é uma das principais líderes brasileiras na luta por igualdade racial e inclusão social. Ela é fundadora do Instituto Identidades do Brasil (ID_BR), organização dedicada a promover ações afirmativas que aceleram a equidade racial no mercado de trabalho e na sociedade. 

Com uma trajetória marcada por engajamento e impacto, ela se destaca por articular empresas, organizações e líderes em torno de estratégias concretas de inclusão de negros e indígenas.

Luana é a nova convidada do Eu, CEO, videocast criado por CLAUDIA para destacar mulheres em cargos de liderança e gestão. Conosco, ela compartilha sua trajetória de sucesso e fala sobre os desafios de equilibrar diversas áreas da vida. 

Assista ao episódio completo amanhã, às 19h, no canal Veja+ da Samsung TV ou no nosso canal do YouTube.

Abaixo, confira o papo completo:

Você já pensou que a posição de CEO não era para você?

Desde o início da minha carreira, eu achava que era uma coisa muito distante. Quando fui distribuir meus currículos nas agências, não via mulheres, especialmente mulheres negras ou indígenas, nessa posição. Eu mesma precisei galgar meu próprio caminho e abrir minha própria organização para chegar nesse lugar.

A CEO é a nova convidada do videocast criado por CLAUDIA para destacar mulheres em cargos de liderançaRenato Nascimento/CLAUDIA
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Como você lidou emocionalmente para não desistir ou não se entristecer no meio do caminho?

Primeiro, minha mãe e minha avó me ensinaram a capacidade socioemocional. Depois vem a terapia e outros mecanismos de resistência. Mas, essencialmente, devo a essa educação familiar de transformar o não em sim. Isso se transformou no que a gente faz no ID_BR: mais do que dizer não ao racismo, dizer sim à igualdade racial.

As barreiras estruturais existem. Mas onde mora o sim? Nos detalhes. Então, sempre digo que uma das minhas facetas é olhar para os detalhes e não generalizar.

Quando o ID_BR é contratado, qual é o primeiro ponto de contato com a liderança dessa empresa?

Há dois pontos de partida que levam um CEO ou uma CEO a procurar nos procurar: pelo amor ou pela dor. O amor significa estar em expansão ou implementar essa visão crítica para questões socioambientais, raciais e de gênero. Mas uma grande parte de clientes e parceiros chegam por causa de uma crise reputacional – seja por via de um discurso da liderança que foi mal aceito pela mídia e foi criticado nas redes sociais ou por um funcionário que recebeu algum tipo de represália e denunciou isso.

E, no nosso caso, estamos dispostos a atender ambos. Estamos aqui para criar uma jornada educacional que ajude as empresas a performar melhor. Isso porque, quando a gente fala sobre igualdade racial, muitas pessoas pensam que estamos falando só com a população negra. Mas não! Isso vai te ajudar a entender melhor o seu negócio, a entender melhor o Brasil, a vender mais e a ser mais produtivo.

“Sou a liderança que traz cores e inclusão para a mesa”, diz Luana GénotRenato Nascimento/CLAUDIA
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Você tem uma experiência fora do Brasil. O que a gente tem de similaridade com o exterior?

Nos últimos 20 anos, a gente avançou muito em políticas de gênero. Mas ainda não avançamos na interseccionalidade. Ou seja, em fazer com que mulheres de grupos marginalizados tenham essa mesma possibilidade. Em geral, quando estou falando sobre igualdade de gênero, estou beneficiando mulheres – que são de um grupo absolutamente importante e precisam avançar –, mas são mulheres majoritariamente brancas que têm formação, mulheres sem deficiência, que não fazem parte do grupo LGBTQIAPN+. 

Nosso desafio para os próximos anos será avançar nesse grupo para que ele seja mais plural. É aí que vem justamente o trabalho de instituições como as nossas.

Como você é nesse papel de CEO?

Costumo dizer que sou a liderança que traz cores e inclusão para a mesa. Onde eu estiver, você vai ver um batom preto e eu toda colorida. E isso não é por acaso, é de propósito. Muitas vezes a gente aprendeu a se aculturar para se encaixar em um mundo tão masculino porque o colorido não seria profissional, talvez associado ao ser mulher. Se sente à vontade usando essas cores, isso representa uma quebra de paradigma para além de um visual, está trazendo uma mensagem.

Quando estou numa conversa de conselho ou numa conversa com outros pares executivos e vejo que a temática da inclusão não é citada, eu falo sobre isso e acabo gerando uma discussão benéfica.

Como explicar para as empresas que, às vezes, precisamos fazer outras funções que não a de CEO?

No mercado de trabalho, a gente precisa entender que ser mãe não é uma função que destoa do ser CEO. Ser mãe te dá tantas habilidades! Eu tenho dois filhos e são agendas, ritmos e linguagens diferentes. Com eles, eu aprendo a transitar de personagens por causa das idades distintas. 

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A maternidade me ensinou também a refinar o meu filtro de priorização. Antes eu dizia muito sim a muita coisa e hoje penso se realmente preciso aceitar estar em um espaço ou em outro – vejo mais mais a qualidade do que a quantidade. Isso para uma empresa é um ganho tremendo. Se eu aprendo a filtrar sendo mãe, também aprendo a filtrar na gestão do negócio. 

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