Superexposição de crianças: riscos, limites e como os pais podem agir

Nos últimos meses, a discussão sobre a superexposição de crianças na internet ganhou força. Após um vídeo do influenciador Felca viralizar, debates se espalharam pelas redes sociais e levaram muitos pais a refletirem sobre a segurança digital de seus filhos.

Embora alguns casos mais extremos – como a sexualização de menores – chamem atenção, ficou evidente que a presença de crianças e adolescentes nas redes pode trazer consequências sérias. Para além dos riscos externos, Rachel Sette, professora de Psicologia do UniArnaldo Centro Universitário, alerta para os impactos na saúde mental e no desenvolvimento. “Essa exposição pode levar à ansiedade, depressão e baixa autoestima, frequentemente ligadas à comparação com a vida idealizada dos outros. Além disso, o excesso de informação prejudica a capacidade de atenção e foco”, explica.

Medidas básicas

De acordo com Rachel, a forma mais eficaz de lidar com a questão envolve supervisão, diálogo aberto e educação. A psicóloga lista algumas atitudes práticas que podem ser incluídas na rotina familiar:

  1. Estabeleça regras claras: dispositivos eletrônicos devem ter horários e limites de uso. “Crie ‘zonas livres de tela’ em casa, como a sala de jantar ou os quartos, para promover a interação familiar.”
  2. Utilize ferramentas de controle parental: já existem aplicativos e softwares que permitem aos pais monitorar as atividades online, filtrando conteúdos inapropriados. No entanto, ela alerta: “é importante que essas ferramentas sejam usadas em conjunto com o diálogo, e não como a única forma de controle”.
  1. Ensine sobre privacidade e segurança: o compartilhamento de senhas e informações pessoais, é um dos pontos mais importantes destacados ao longo da entrevista. Não só dados, mas é crucial conscientizá-los sobre os riscos no compartilhamento de fotos, vídeos e clicar em links desconhecidos.
  2. Mantenha a supervisão: Para crianças menores, o ideal é que o uso de dispositivos seja feito em áreas comuns da casa. “Já para adolescentes, a supervisão pode ser mais discreta, mas o monitoramento dos perfis e do histórico de navegação deve ser uma prática regular”, diz.
  3. Crie um espaço seguro: os filhos  precisam se sentir seguros para se abrir sobre qualquer problema que estejam enfrentando. Rachel sugere que a família crie essa relação para que eles possam falar sem medo de julgamentos ou punição.
  4. Seja curioso, não acusatório: a forma de abordar esse tipo de assunto também irá garantir que eles sejam sinceros. “Em vez de perguntar ‘O que você está fazendo no celular?’.Tente algo como ‘Me conte sobre os jogos que você gosta’ ou ‘Quais canais do YouTube você está acompanhando?’. Isso abre a porta para uma conversa sobre os hábitos online dele”, explica.
Psicóloga alerta sobre a importância do equilibrio entre cuidado e restrição onlineDivulgação/Freepik
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O limite entre proteção e restrição

A especialista ressalta que, apesar da necessidade de cuidados, o contato com a tecnologia é inevitável. O equilíbrio, portanto, é fundamental. “O objetivo não deve ser isolar a criança, mas ensiná-la a usar a tecnologia de forma saudável e segura”, afirma Rachel.

A restrição completa pode trazer efeitos colaterais, como atrasos no desenvolvimento e até isolamento social em relação aos colegas. “O desafio é conceder autonomia de maneira gradual, conforme a criança demonstra responsabilidade e maturidade”, completa.

Quando os problemas já começaram

Se a criança ou o adolescente já enfrenta dificuldades relacionadas ao uso da internet, a psicóloga orienta os pais a priorizarem a calma e a segurança. Entre as principais recomendações estão:

  1. Mantenha a calma e escute: Se seu filho se abrir sobre algo que aconteceu online, a primeira coisa a fazer é ouvir sem interromper. Acalme-o e reforce que ele agiu corretamente ao procurar ajuda.
  2. Não reaja com punição: Evite a reação imediata de proibir o uso de todos os dispositivos. Isso pode fazer com que ele hesite em procurar ajuda no futuro. O foco deve ser na resolução do problema e no aprendizado.
  3. Identifique e bloqueie: Se o problema for com uma pessoa ou um perfil, ajude seu filho a bloquear o contato e a reportar a conta, se necessário. Se for um conteúdo inadequado, explique por que é importante evitá-lo.
  4. Procure ajuda profissional, se necessário: Em casos de cyberbullying grave, assédio ou dependência digital, não hesite em procurar a ajuda de um psicólogo ou de outros profissionais especializados. Eles podem oferecer suporte emocional e estratégias eficazes para lidar com a situação.
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Ao final, Rachel reforça que o objetivo é guiar os pais para a construção de um ambiente mais seguro, e não para controlar seus filhos. “Ao criar uma relação de confiança e educação, você equipa seu filho com as ferramentas necessárias para navegar no mundo digital com segurança e responsabilidade”, conclui.

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