Nos primórdios da internet, quando o TikTok ainda era ficção científica, Jout Jout (pioneira ao criar conteúdo para o YouTube) estourou com um vídeo-manifesto chamado “Não Tira o Batom Vermelho”. Anos depois, eu, Marcela — Ministra do Namoro, sacerdotisa dos closes certos e sobrevivente da Síndrome da Impostora — venho propor uma atualização: “Coloque o Batom Vermelho”.
Num tempo em que a estética quiet luxury vibra pelos tons terrosos, a alfaiataria bem cortada, a maquiagem quase invisível, o bege em todas as suas variações, não dá para ignorar que essa moda não é só estética: é discurso, controle e silenciamento disfarçado de elegância.
Afinal, isso não diz respeito ao bom gosto, mas sim a apagar o excesso, o brilho, o destaque. Refere-se a parecer rica sem mostrar quem você é. É sobre dizer: “Não precisamos mais performar”. Quando, na verdade, estamos só trocando de performance.
Outro dia, fui convidada para palestrar na Meta — sim, essa mesmo. Cof! Cof! Mama is in the house! E ali estavam os maiores criadores de conteúdo do país, além das maiores agências de publicidade do Brasil. Ou seja: o tipo de lugar onde, se você falar uma besteira, pode enterrar sua carreira.
Eu estava com meu cabelinho de gel, make neutra, roupa impecável. Mas me sentindo… diminuída. A impostora gritava dentro da minha cabeça: “Marcela, o que você está fazendo nesse palco? Desce daí antes que descubram que você é só uma farsa de salto alto!”.
Foi então que meus olhos bateram nele: Ruby Woo. O batom vermelho mais famoso da MAC. O símbolo universal da mulher que sabe o que veio fazer estava na estante da maquiadora. Eu passei. Na hora, minha postura mudou. As vozes não se calaram por completo, mas minha presença voltou. Eu voltei. Então, eu te digo, com carinho e firmeza:
Coloque o batom vermelho.
Como escudo.
Como espada.
Como farol.
Use-o quando a vida estiver te apagando. Use-o quando te disserem para parecer “chique” sendo discreta. Use quando te mandarem ser neutra. Porque o vermelho não é só cor: é afirmação.
É revolta.
É presença.
É vida pulsando.
Assim como a roupa que você coloca para ir à academia e já te faz se sentir uma deusa gostosa, capaz de levantar 50kg com o braço. Assim como a alfaiataria que te faz sentir CEO, mesmo que a única reunião do dia seja com sua amiga em um café superfaturado na Faria Lima. Assim como o salto que você usa para ficar à altura dos seus sonhos.
Se você quiser seguir o quiet luxury, vá em frente. Mas coloque um ponto de luz, um brilho, um batom. Não para os outros, mas para lembrar a si mesma de que você está viva — e ninguém vai te engavetar em tons pastel. Hoje, eu não tiro. Eu coloco. E devoro o mundo. O luxo silencioso é bege, mas o nosso poder é vermelho!
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