Com a chegada do inverno, vêm também os dias mais curtos, as temperaturas baixas e, para as plantas, desafios extras. Se você é daqueles que adora ter a casa cheia de verde, mas suas plantinhas parecem sofrer quando o frio chega, trazemos dicas de especialistas para desvendar os erros mais comuns que podem matar as suas plantas na estação.
Aliás, mesmo dentro de casa, as mudanças no ambiente – como a queda da temperatura, o ar seco e a diminuição da luz natural – afetam diretamente o metabolismo vegetal. A seguir você descobre como evitá-los para garantir que elas cheguem lindas e saudáveis à primavera.
1. O excesso de água é um grande vilão
No inverno, a transpiração das plantas diminui consideravelmente, o que significa que elas precisam de muito menos água do que no verão. O erro mais comum é continuar com a mesma frequência de rega.
“Regar como se fosse verão pode saturar o solo, impedir a oxigenação das raízes e favorecer o apodrecimento causado por fungos”, explica a professora Maria Cecilia Miotto, coordenadora do curso de Ciências Biológicas da UNIASSELVI.
A solução: O solo úmido por muito tempo favorece o apodrecimento das raízes, um problema quase impossível de reverter. Antes de regar, sempre verifique a umidade do solo. Enfie o dedo na terra a uns 3-5 centímetros de profundidade. Se estiver úmido, espere mais alguns dias. É melhor pecar pela falta do que pelo excesso de água. Plantas como suculentas e cactos, por exemplo, podem passar semanas sem água no inverno.
2. Posição errada: cuidado com as correntes de ar e o frio extremo
Aquele cantinho que era perfeito para sua planta no verão pode não ser o ideal no inverno. Temperaturas muito baixas e correntes de ar geladas são inimigas das folhagens. Correntes de ar causam choque térmico e desidratação, enquanto o frio intenso pode congelar as células da planta.
Além disso, a umidade do ar mais baixa do inverno, aliada ao uso de aquecedores, pode prejudicar especialmente as plantas tropicais, como samambaias, marantas e antúrios. “Essas espécies sofrem com folhas ressecadas e trocas gasosas comprometidas”, alerta a bióloga.
A solução: Afaste suas plantas de janelas e portas que abrem frequentemente e onde há correntes de ar. Se a temperatura na sua região cai muito, considere mover as plantas mais sensíveis para ambientes internos, protegidos do frio. Lembre-se que algumas espécies, como orquídeas e samambaias, são mais delicadas. Já para evitar o tempo seco, posicione umidificadores ou recipientes com água perto dos vasos, mantendo o ar menos seco ao redor das plantas.
3. Adubação em excesso
Assim como as pessoas comem menos quando estão doentes ou menos ativas, as plantas também diminuem seu ritmo de crescimento no inverno e, consequentemente, suas necessidades nutricionais. Adubar em excesso pode “queimar” as raízes das plantas, já que elas não conseguem absorver todos os nutrientes.
A solução: A maioria das plantas não precisa ser adubada durante o inverno, assim, retome a adubação na primavera, quando elas voltarem a crescer ativamente. Outra dica da especialista é só adubar as espécies que estão visivelmente em crescimento, como ervas aromáticas, e sempre com doses reduzidas. Caso contrário, é melhor aguardar meses mais quentes do ano para reforçar os nutrientes do solo.
4. Falta de luz
Com os dias mais curtos e o sol menos intenso, a quantidade de luz que suas plantas recebem naturalmente diminui. A luz é essencial para a fotossíntese, o processo que a planta usa para produzir seu próprio alimento. Pouca luz pode deixar as plantas fracas e suscetíveis a doenças.
Para espécies como a jiboia, que já prefere sombra parcial, o resultado pode ser folhas amareladas e queda acentuada. “Aproxime os vasos das janelas mais iluminadas e gire-os semanalmente para garantir uma exposição uniforme”, recomenda a professora.
A solução: Se possível, mova suas plantas para os locais mais bem iluminados da casa. Gire os vasos ocasionalmente para que todos os lados da planta recebam luz. Para algumas espécies, uma lâmpada de cultivo (grow light) pode ser uma boa opção, especialmente para quem busca jardim vertical ou plantas dentro de casa com pouca luz natural.
5. Pragas e doenças: o ataque no período de fraqueza
Plantas estressadas pelo frio e erros de cultivo ficam mais vulneráveis ao ataque de pragas como cochonilhas e fungos. Assim, pragas e doenças se aproveitam da fraqueza da planta para se instalar e causar ainda mais danos.
A solução: Inspecione suas plantas regularmente. Se notar algo estranho, como folhas amareladas, manchas ou insetos, trate imediatamente. Existem inseticidas naturais e receitas caseiras que podem ajudar a controlar esses problemas. Manter a boa saúde das plantas é crucial.
Sinais para ficar de olho
Geralmente, as plantas apresentam sintomas de que algo não está adequado. Os principais sinais apontados pela bióloga e professora Maria Cecilia Miotto são:
- Folhas amareladas: excesso de água ou falta de luz
- Bordas ressecadas: ar seco
- Folhas murchas, mesmo após rega: solo encharcado ou raízes comprometidas
- Manchas pretas: danos causados pelo frio
- Queda acentuada de folhas: estresse ambiental ou início da dormência
Quais plantas ter no inverno?
O inverno não deve impedir quem quer iniciar o cultivo de plantas. Conforme explica a especialista, algumas espécies são mais resistentes ao frio e ótimas para ambientes internos, como a zamioculca, a espada-de-são-jorge, a planta-jade, a babosa e a kalanchoe. Já para varandas e áreas externas, o amor-perfeito, a lavanda e a camélia são boas opções.
“As plantas, como qualquer ser vivo, seguem um ritmo natural ligado às estações do ano. No inverno, esse ritmo desacelera. Por isso, o segredo para mantê-las saudáveis é respeitar esse tempo de pausa. Com atenção e alguns ajustes simples, suas plantas vão passar bem pelo inverno e ficarem prontas para florescer na primavera”, conclui a profissional.
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