Cameron Diaz, Sheron Menezzes e Victoria Beckham parecem não ter muito em comum além da vida pública, mas compartilham algo bastante íntimo: todas são adeptas do chamado “divórcio do sono”. O termo descreve casais que optam por dormir em quartos separados para ter noites mais tranquilas e, consequentemente, um casamento mais saudável.
A prática não é exclusividade dos famosos. Pelo contrário: um estudo de 2023 da Academia Americana de Medicina do Sono (AASM) revelou que mais de um terço dos entrevistados nos Estados Unidos dorme ocasionalmente ou com frequência em quartos separados do parceiro para ter uma qualidade de sono maior.
E, embora soe moderno, o hábito não é novo. Quem assiste a filmes de época sabe que, no passado, era comum casais, especialmente de camadas sociais mais altas, dormirem em camas ou quartos distintos. Esse costume tinha motivo.
No passado, era comum dormir em quartos separados
Após analisar livros de orientação matrimonial e conselhos médicos, catálogos de móveis e romances, a professora Hilary Hinds descobriu que as camas de solteiro foram adotadas no final do século 19 como uma precaução de saúde e um símbolo de modernidade e elegância.
O médico William Whitty Hall chegou a aconselhar que cada pessoa “deveria ter uma cama de solteiro em um quarto amplo, limpo e iluminado, para passar todas as horas de sono em um ar puro e fresco”.
Quando a história mudou?
Mas dormir separado começou a ser visto como sinal de um casamento fracassado na década de 1950, de acordo com Hilary. Em 1956, a defensora do controle de natalidade e eugenista Marie Stopes criticou as camas separadas: “Muitos de seus habitantes ficam desvitalizados, irritados, insones e infelizes, eu acho, por causa delas. O conjunto de cama de solteiro foi uma invenção do Diabo, ciumento da felicidade conjugal”.
Casais que dormem separados passaram a ser malvistos
Com o tempo, dormir afastado do companheiro foi ganhando uma interpretação ruim. Após uma briga, por exemplo, é comum um dos companheiros dormir no sofá. Por outro lado, os diferentes padrões de sono levam cada vez mais casais para camas separadas.
É o caso de Dri Linares (@dri.linares), terapeuta tântrica. Ela propôs dormir em quartos separados ao companheiro quando eles decidiram morar juntos. “Como já morávamos sozinhos, já tínhamos o nosso jeito de dormir. Ele dorme vendo TV e ronca, enquanto eu faço higiene do sono, leio na cama e mantenho tudo silencioso e escuro. Então toda vez que íamos deitar juntos, eu não dormia”, diz ela.
Sabendo disso, Dri colocou como condição que cada um tivesse seu próprio quarto e banheiro. “O maior benefício em ter quartos e banheiros separados é o respeito ao espaço e à individualidade. E quando perguntam ‘como vocês namoram?’, eu respondo que não necessariamente casais que dormem juntos tem uma vida íntima tórrida. Sem dúvida dormir em quartos separados é um dos segredos para um relacionamento feliz e duradouro.”
Por que dormir separado pode ser saudável?
De fato, os efeitos positivos de uma boa noite de sono são diversos, inclusive para a relação. “A falta de sono reparador interfere na regulação de neurotransmissores ligados às emoções. Pessoas que dormem mal tendem a se sentir mais irritadas, ansiosas ou tristes, e tem mais dificuldade de lidar com o estresse”, explica a médica nutróloga Bruna Durelli. “O sono de qualidade traz equilíbrio emocional, clareza mental e bem-estar.”
Além do impacto emocional, há ganhos físicos. “Dormir bem é essencial para processos como reparo celular, regulação hormonal e consolidação da memória. É tão importante quanto se alimentar bem e se exercitar”, comenta a nutróloga.
Por outro lado, o sono interrompido compromete as fases mais profundas do descanso, afetando a saúde metabólica, cardiovascular, imunológica e até mental, com maior risco de ansiedade e depressão.
Dormir em quartos separados pode ajudar na saúde do relacionamento
Apesar dos benefícios, muitas pessoas ainda têm receio de propor a ideia ao parceiro, com medo de que isso seja interpretado como sinal de afastamento. Mas o resultado contrário é comum.
“Em muitos casos, pode preservar o casal do desgaste físico e emocional causado por ritmos de sono muito diferentes, ronco, insônia, agitação noturna ou demandas específicas de saúde. O importante é que o quarto separado não vire uma metáfora silenciosa para o afastamento afetivo não nomeado”, comenta Brunna Dolgosky, psicóloga.
Não por acaso, essa tendência tem sido especialmente abraçada pelos millennials (atualmente com idades entre 28 e 42 anos). Na mesma pesquisa americana, 43% desse grupo relatou dormir separado do parceiro.
“O que sustenta a conexão não é apenas o corpo na mesma cama, e sim a qualidade da presença afetiva”, diz a psicóloga. Como disse Cameron Diaz no podcast Lipstick on the Rim: “Precisamos normalizar quartos separados.” Ao que parece, estamos caminhando para isso.
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