Maria Lúcia dos Santos, de 70 anos, e Clemente dos Santos, de 84, se casaram no início de maio, em Goierê, na região-oeste do Paraná. Sem nunca ter namorado antes, ela conheceu seu marido em grupos e atividades da terceira idade. Dois anos depois, começaram a namorar e firmaram a união eterna após poucos meses de relacionamento: “É uma sensação muito boa. Eu estou muito feliz”, disse Maria.
Espera em propósito
Aos sete anos, Lúcia entrou em um convento para se dedicar à vida religiosa. Após passar por problemas de saúde, foi indicada a passar por um período de “experiência”, que, em sua interpretação, era para que tivesse a certeza da sua escolha ao celibato. “Então eu disse: não, eu não quero me casar. Quem falou que eu quero me casar um dia? Mas saí assim mesmo.”, contou.
Mesmo fora das responsabilidades religiosas, ela continuou a se dedicar à fé e a fazer o bem ao próximo, sem nunca se envolver amorosamente com ninguém. Anos se passaram achando que a vida de casado não faria parte de sua história, até que conheceu Clemente.
Maria e Clemente se conhecem em encontro da terceira idade
Maria Lúcia começou a frequentar grupos organizados pela prefeitura de Goierê para pessoas na terceira idade. Ela conta que, desde a primeira vez que conheceu o atual esposo, as investidas dele começaram. “Eu sempre falava: ‘Não quero nada não, vamos ser amigos’. E ele sempre respondia que tinha algo muito além do que uma amizade comigo”, contou acompanhada de seu marido, que confirma orgulhosamente as palavras da mulher.
Clemente se lembra do dia em que fez um buquê de flores com enfeites e foi até a casa de Maria lhe pedir em namoro, que negou o pedido prontamente. “Então eu disse para ela ‘eu joguei a semente. Eu não te peço mais em namoro. Se algum dia você quiser, fica à sua disposição”.
Lúcia percebeu que estava apaixonada
Durante dois anos, o casal manteve uma relação de amizade, até que Maria Lúcia começou a perceber um sentimento diferente em relação ao amigo, algo difícil de aceitar. “Eu pensava que era imaginação da minha cabeça, como é que eu vou inventar de ficar namorando agora? Se eu tivesse que casar, me casava quando era nova”, explicou.
A proximidade constante com Clemente, no entanto, fez os sentimentos se intensificarem: “Ele estava sempre ao meu lado, me dando força, conversando. Mas preferia ignorar o que eu estava sentindo”, afirma.
Negar as emoções se tornou impossível quando ele passou a namorar outra mulher: “Eu comecei a sentir ciúmes e percebi que estava gostando mesmo dele”, revela.
Maria Lúcia se declara
Quando já tinha certeza do que sentia, ela organizou um jantar em sua casa e o convidou para participar. Lá, contou como se sentia, mas Clemente estava com outra mulher. Ele se lembra de voltar para casa e não conseguir dormir, pensando nas palavras de Lúcia. No dia seguinte, foi atrás da atual namorada para terminar o relacionamento: “Você não é a mulher ideal pra mim, nem eu sou o homem ideal pra você”, se recorda.
Horas depois, ele e Lúcia firmaram o namoro. “Ela me convidou para pousar um dia na casa dela, num sábado. Mas não quis esperar, já fui na sexta-feira”, contou Clemente. Desde então, de pouco em pouco, passou a levar as suas coisas para a casa da namorada e se lembra de um conselho que recebeu de seu filho: “Não é pecado ficar com quem você ama, vai viver a sua vida com ela”.
A cerimônia
Em dois meses e com a ajuda da sobrinha de Maria, Luzia, o casamento aconteceu no dia 11 de maio de 2025. “Foi uma maravilha. Nós nem esperávamos tudo o que aconteceu”, conta Clemente.
Maria Lúcia expressa que entrar no altar para encontrá-lo foi um sentimento tão bom que é difícil de esquecer.
Na pequena igreja Matriz de Goierê, quase 200 pessoas, incluindo amigos e familiares, assistiram a união do casal – incluindo os três filhos de Clemente, frutos de seu relacionamento anterior.
Amor na terceira idade
“Tanto faz na terceira idade como em qualquer idade. Sozinhas ou não, as pessoas sempre procuram por amor, e vale muito a pena encontrá-lo”, diz Clemente.
Para aqueles que ainda não encontraram a sua cara metade, o casal aconselha que as pessoas não se endureçam e estejam abertas a um novo amor: “Por experiência própria, procurem com calma, devagarinho, até que pode dar em casamento”, declaram.
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