Nas últimas semanas, a modelo Andressa Urach e a influenciadora Maya Massafera revelaram em suas redes sociais que realizaram uma cirurgia para mudar permanentemente a cor dos olhos. A técnica, realizada por ambas na França, é conhecida como ceratopigmentação, ou “tatuagem ocular”.
No entanto, em menos de 24 horas após a cirurgia, Urach já demonstrou arrependimento nas redes, relatando fortes dores e ardências nos olhos enquanto estava a caminho do Brasil. “Está doendo muito! Chegando no Brasil preciso ir ao médico urgente. Por favor, orem por mim.”, escreveu ela.

Mas, afinal, o que é a ceratopigmentação?
Também chamada de queratopigmentação, o procedimento consiste na introdução de um pigmento nas camadas superficiais da córnea com o intuito de modificar a cor natural dos olhos. A técnica é pensada, principalmente, para melhorar a qualidade de vida e a aparência de pacientes com visão comprometida, como aqueles que sofreram traumas oculares, opacidades ou apresentam irregularidades estéticas visíveis na córnea.
Realizada com anestesia local, a cirurgia de alta precisão dura cerca de uma hora e pode ser feita tanto por meio de técnicas manuais, com instrumentos específicos, ou com laser de femtossegundo. “Os pigmentos são implantados e redesenham a aparência externa da íris, mas sem modificá-la de fato.”, explica Alexandre Xis, oftalmologista especializado no procedimento.

Apesar de ser permitida em alguns países, como a França, a cirurgia, feita por Maya e Andressa, é proibida no Brasil quando feita exclusivamente para fins estéticos. O Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) recomenda que o procedimento seja feito somente por pessoas que perderam a visão, ou seja, apenas quando a córnea já está comprometida.
Vale ressaltar ainda que, órgãos reguladores, como o Conselho Federal de Medicina (CFR) e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, também não aprovam o procedimento com este objetivo.
E quais são os riscos?
Como todo procedimento invasivo, a ceratopigmentação apresenta riscos. Para o cirurgião plástico Christian Ferreira, é preciso estar atento a:
- Infecções oculares profundas;
- Opacificação ou inflamação da córnea;
- Rejeição ou migração do pigmento: causada por alergias ou reação do organismo;
- Sensibilidade à luz (fotofobia) permanente;
- Dificuldade de exames oftalmológicos futuros;
- Em casos extremos, perda parcial ou total da visão.
O especialista ressalta ainda que o procedimento não é indicado para pessoas com glaucoma, ceratocone ou síndrome do olho seco, assim como às que possuem histórico de infecções ou cirurgias oculares. Pacientes com distúrbios psicológicos ou expectativas irreais também devem passar por avaliação e acompanhamento para garantir que a decisão não prejudique sua saúde ocular e mental.
Como funciona o pós-operatório?
Com duração média de 7 a 14 dias, dependendo da cicatrização de cada pessoa, o período pós-cirúrgico exige atenção rigorosa, já que qualquer reação inflamatória ou infecção pode comprometer seriamente a visão.
O oftalmologista Gustavo Bonfadini explica que se deve utilizar colírios antibióticos e anti-inflamatórios prescritos, além de evitar exposição direta à luz intensa e ambientes contaminados, como piscinas, durante o primeiro mês. Para garantir uma cicatrização adequada, também é importante evitar traumas oculares e comparecer às consultas de retorno.
Já no Brasil, Andressa Urach gravou um vídeo em que aparece usando maquiagem e cercada por fumaça poucos dias após a cirurgia.
O especialista alerta que tanto o uso de maquiagem quanto o tabagismo são contraindicados no pós-operatório de qualquer cirurgia oftalmológica, pois podem atrapalhar a cicatrização, aumentar a inflamação do olho e causar dor, desconforto e até baixa visual.
Quanto custa?
Os valores podem variar entre 20 e até ultrapassar os 200 mil reais, especialmente devido às restrições profissionais e à falta de regulamentação em muitos países. Além disso, fatores como a técnica utilizada, o pigmento escolhido, a experiência do profissional e a localização geográfica também influenciam no custo final do procedimento.
A coloração é permanente?
Os pigmentos aplicados na córnea não são totalmente estáveis ao longo do tempo. Com o passar dos anos, eles podem desbotar, migrar e até provocar alterações ópticas, o que pode acabar exigindo novas intervenções. Isso, além de aumentar as complicações, reforça a complexidade do procedimento do ponto de vista oftalmológico.
“Mudar a cor dos olhos pode parecer simples, mas envolve decisões complexas sobre uma estrutura nobre e delicada, como a córnea. Antes de qualquer intervenção, especialmente estética, é fundamental entender os riscos, buscar informações de qualidade e priorizar a integridade da visão — que é, sem dúvida, um dos nossos bens mais preciosos.”, conclui o oftalmologista Marcelo Taveira.
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