Não é só para idosos: quando começar a ir ao geriatra

Sabe-se que o desejo pela juventude é eterno. Mas o corpo humano teima em ter seu próprio ritmo e, geralmente, começa a mudar antes do que imaginamos. De acordo com a ciência, logo após o pico de performance física e cognitiva, que acontece por volta dos 20 anos, nosso organismo entra em um processo lento (mas contínuo) de declínio funcional. Aos 30, algumas pistas já aparecem, e por volta dos 40 elas ganham ainda mais força.

Para as mulheres, esse caminho pode ser mais sinuoso. Por volta dessa idade, muitas já estão lidando com o climatério, o período de transição entre a fase fértil e a menopausa. As ondas de calor, o sono bagunçado, a ansiedade e até episódios depressivos são apenas parte do pacote. Soma-se a isso a perda de massa óssea e muscular e pronto: temos uma fase que exige ainda mais escuta e cuidado.

É aí que entra o geriatra, um profissional que deveria estar tão presente na vida das mulheres quanto o ginecologista — e não apenas nas últimas décadas de vida. Com um olhar amplo e especializado, ele pode ajudar a suavizar esse processo de transição e adaptar a rotina de forma preventiva.

Geriatra deve ser consultado antes dos 60 anos

Com o envelhecimento populacional, geriatras se tornam ainda mais importantesIlustração/Getty Images

“As mulheres vivem mais, mas também enfrentam mais doenças crônicas e limitações funcionais. Ainda assim, muitas só buscam um geriatra quando o bem-estar já está comprometido”, observa Alessandra Tieppo, geriatra e diretora administrativa da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG).

Pense no geriatra como um detetive da vitalidade: alguém que decifra os sinais sutis do seu corpo antes que eles se transformem em problemas. Na consulta, a idade no RG importa menos que o grau de autonomia, disposição e bem-estar. Esse especialista está preparado para prevenir e tratar uma série de condições comuns nas fases mais maduras da vida: doenças cardíacas, osteoporose, diabetes, depressão, demência.

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E mais: ele também oferece apoio à família e aos cuidadores, reconhecendo o envelhecimento como algo que envolve todos ao redor. Apesar do senso comum levar a crer que a especialidade é limitada aos idosos, a verdade é que cuidar do envelhecimento pode (e deve!) começar bem antes dos 60. 

Foi exatamente essa possibilidade que levou a funcionária pública Inez Porto Riederer a procurar ajuda. Diagnosticada com artrose aos 36 anos, ela começou a frequentar um geriatra aos 45, quando sentiu que precisava de um acompanhamento mais direcionado.

“Me chamou atenção o olhar integral que a especialidade tem para o bem-estar do paciente”, conta. Hoje, aos 56, ela não abre mão desse apoio. “O ponto de vista diferenciado do geriatra é capaz de mostrar que, apesar dos problemas de saúde, nós podemos viver e aproveitar a vida em toda a sua plenitude enquanto estivermos neste mundo.”

Apesar da população envelhecer cada vez mais, temos poucos geriatras

Procurar o geriatra antes dos 60 anos é uma necessidade
O Brasil precisa de mais geriatrasIlustração/Getty Images
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Os dados mostram que estamos, de fato, ficando mais tempo por aqui. Segundo o IBGE, a previsão é que em 2070 quase 40% da população tenha mais de 60 anos. Ao mesmo tempo, há outro problema estrutural: a escassez de geriatras.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda um geriatra para cada mil idosos. No Brasil, temos um para cada 12 mil. Muitos cursos de medicina sequer abordam o envelhecimento em disciplinas específicas, e apenas 0,7% dos médicos residentes optam por essa especialidade. A falta de profissionais capacitados acontece em um momento crítico em que a população idosa se expande na maioria dos países. 

A geriatria nasceu oficialmente na Europa e nos Estados Unidos por volta da metade do século passado, como resposta à revolução da longevidade inédita que essas sociedades passavam e, desde então, a especialidade vem se consolidando como uma ponte entre o presente e o futuro.

No Brasil, começou a se estruturar nos anos 1960, sempre defendendo um ponto essencial: o cuidado com o envelhecimento precisa ser integrado a outras especialidades médicas. Em 1900, a expectativa de vida mais alta do mundo era de apenas 46 anos, registrada na Alemanha. Hoje, nenhum país tem uma média tão baixa.

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O mundo mudou, e a velhice também! O que antes era visto como decadência, hoje pode ser potência, liberdade e recomeço. Mas, para isso, é preciso se planejar e romper com antigos tabus. Afinal, chegar bem aos 60 começa ainda aos 40 — ou bem antes disso.

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