Durante décadas, uma peça inusitada e perturbadora fez parte das cerimônias formais da Universidade de Oxford: uma taça de um crânio humano. Utilizada no Worcester College, a taça integrava o conjunto de prataria do senior common room, espaço reservado ao corpo docente da instituição.
Embora sua aparência macabra pudesse sugerir um objeto de exibição, a taça foi usada de forma prática em jantares formais — inicialmente para servir vinho e, mais tarde, bombons, após apresentar vazamentos.
A história da taça de crânio
A origem do artefato só começou a ser investigada com mais profundidade em 2019, por iniciativa de Dan Hicks, professor e curador do Museu Pitt Rivers, da própria universidade. As descobertas de Hicks foram publicadas no livro Every Monument Will Fall, que detalha a trajetória da peça e seu contexto histórico.
Segundo ele, o crânio foi transformado em taça em 1838, ano simbólico que marcou tanto a coroação da Rainha Vitória quanto a abolição formal da escravidão nas colônias britânicas.
A análise indica que o crânio tem cerca de 225 anos e pode ter pertencido a uma mulher caribenha. O artefato foi adquirido em um leilão da Sotheby’s, em 1884, por Augustus Pitt Rivers, notório colecionador britânico. Posteriormente, foi herdado por seu neto, George Pitt-Rivers, antropólogo conhecido por sua defesa do eugenismo e por seu alinhamento ideológico ao regime nazista.
Mesmo com toda essa carga simbólica e histórica, a taça permaneceu em uso sem contestação pública até o início da década de 2010. De acordo com Hicks, o objeto era tratado como parte das tradições da casa e usado de forma recorrente, sem que seu uso fosse considerado um gesto provocativo ou satírico.
Como foi o fim do uso da taça de crânio?
No entanto, após manifestações de desconforto por parte de convidados e membros da própria comunidade acadêmica, a universidade decidiu retirar discretamente o artefato de circulação. Segundo nota oficial do Worcester College, o uso da taça foi encerrado em 2011, e em 2015 ela foi definitivamente armazenada, seguindo orientações científicas e legais. Desde então, o objeto permanece guardado, fora de exposição e sem acesso público.
A história da taça de crânio de Oxford é um exemplo claro de como símbolos do passado, mesmo em instituições renomadas, podem carregar camadas profundas de colonialismo, racismo e insensibilidade histórica.
O fim do uso da peça marca um avanço simbólico no reconhecimento dessas heranças e no esforço por criar ambientes acadêmicos mais éticos e conscientes. Preservar a memória, neste caso, não significa manter o uso, mas compreender criticamente o contexto e repensar tradições à luz dos valores atuais.
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