O Papa Francisco sempre demonstrou apreço pelo vinho. Seu gosto pela bebida ficou evidente em algumas declarações públicas, que inclusive lhe renderam o título de sócio honorário da Associação Italiana de Sommeliers. A bebida que o Papa bebe no Vaticano, no entanto, é bem específico: chama-se vinho litúrgico, ou vinho de missa.
O que o Papa bebe no Vaticano?
O vinho consumido pelo Papa no Vaticano é um vinho de mesa branco ou tinto com características bem específicas. Como qualquer sacerdote católico, utiliza o chamado vinho de missa na Eucaristia — uma bebida destinada exclusivamente ao uso litúrgico, com regras rigorosas quanto à sua composição e pureza.
Embora o Vaticano não divulgue oficialmente uma marca única, é sabido que o vinho usado nas celebrações papais costuma vir de regiões tradicionalmente católicas e com produção respeitada, como:
- Itália: Lazio, Toscana e Sicília, por exemplo;
- França: algumas abadias produzem vinho sacramental;
- Mosteiros e ordens religiosas: também produzem vinhos litúrgicos para o Vaticano.
Um exemplo conhecido é o vinho da abadia beneditina de Monte Oliveto Maggiore, na Toscana.
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O que é vinho litúrgico?
Vinho litúrgico é a bebida usada especificamente nas celebrações da missa católica, sobretudo na Eucaristia, quando é consagrado e se torna, segundo a fé cristã, o sangue de Cristo. Esse vinho não é qualquer um: precisa seguir regras estritas da Igreja para ser considerado válido para o uso litúrgico.
Segundo o Código de Direito Canônico (cânon 924) e as normas da Congregação para o Culto Divino, o vinho litúrgico deve:
- ser de uva: o único ingrediente permitido é o suco fermentado da uva;
- ser natural e puro: não pode conter aditivos, corantes, aromatizantes ou conservantes;
- não estar azedo ou deteriorado: deve ser de boa qualidade, próprio para consumo;
- ser tinto ou branco: embora o tinto seja mais simbólico (por se assemelhar ao sangue), o branco também é aceito;
- ter teor alcoólico de no máximo 18%: conforme definido pelo Concílio de Florença de 1438;
- pode ser levemente doce ou seco: desde que não tenha fermentação interrompida artificialmente.
Em alguns casos, é permitido um vinho “fortificado” com adição de álcool natural de uva, mas isso só é válido se for necessário para conservação, especialmente em regiões tropicais. Dessa forma, o teor pode chegar a 22%.
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O que os Papas bebem além do vinho litúrgico?
Fora da missa, o Papa pode beber vinho como parte das refeições, como é comum na cultura italiana.
O Papa Francisco, por exemplo, mencionou apreço por vinho tinto simples e sem ostentação. Sem um vinho favorito declarado publicamente, dificilmente escolheria rótulos caros ou extravagantes.
Já o Papa João Paulo II tinha preferências bem específicas. Ele demonstrava preferência por brancos aromáticos e florais, especialmente os produzidos com a uva Gewürztraminer, da região da Alsácia-Lorena, além dos elaborados a partir da casta Riesling, tradicionais na Alemanha.
Bento XVI, por sua vez, costumava brindar com o tradicional champagne Moët & Chandon durante as recepções oficiais.
Já em Buenos Aires, antes de se tornar Papa, o então cardeal Jorge Mario Bergoglio costumava acompanhar suas refeições com um vinho branco Torrontés ou um tinto Malbec, ambos produzidos em sua terra natal, a Argentina.
Independentemente das preferências individuais dos pontífices, um estudo chama atenção: o Vaticano lidera o ranking mundial de consumo de vinho per capita, com mais de 74 litros por pessoa ao ano — o dobro da média registrada em países tradicionalmente vinícolas, como França e Itália.
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