Odete Roitman, uma das personagens mais marcante da televisão brasileira, está de volta às telas no remake da novela Vale Tudo, que acaba de estrear da Globo. Interpretada por Beatriz Segall, em 1988, na primeira versão, a personagem polêmica por suas falas é interpretada atualmente pela atriz Debora Bloch. 

O figurino poderoso, cheio de referências internacionais, que virou símbolo de elegância no final dos anos 1980, volta cheio de estilo e igualmente marcante, elaborado por uma turma de peso da moda nacional, como Alexandre Herchcovitch, Mateus Cardoso, Sandro Barros e Vitor Zerbinato.

Nesta entrevista, Vítor conta como foi o processo de criação do figurino, sua relação com a personagem e sua estreia nas passarelas com a Z. Vítor, sua marca casual que desfila esta semana no JK Iguatemi.

Como foi receber o convite para desenhar o figurino de Odete Roitman, uma personagem que mexe com o imaginário brasileiro?

Receber esse convite foi uma grande alegria! Odete Roitman é uma das personagens mais icônicas do Brasil, além de ser extremamente elegante e estar em total sintonia com o estilo das minhas criações. Foi um desafio inspirador e, ao mesmo tempo, muito natural para mim.

Como foi o processo de criação dessas peças? Chegou a fazer uma releitura da personagem ou criou do zero a nova Odete Roitman? 

O processo foi muito rápido e orgânico. A Marie Salles já conhece bem o meu trabalho e me  deu total liberdade criativa. Assim que começamos a conversar, os croquis já foram surgindo naturalmente. Em menos de vinte minutos, já tínhamos cerca de dez looks desenhados. Ao longo da trama, a personagem continuará usando mais peças minhas, começamos com 12 looks, mas esse número pode crescer conforme as necessidades da história. Sobre influências, a nova Odete continua sendo uma mulher de negócios poderosa, mas agora com uma silhueta mais acinturada e um toque mais sexy e sofisticado.

Em 1988, Odete Roitman definiu o estilo das empresárias no comando de seus negócios, o que na época eram poucas. Hoje temos muitas mulheres à frente de grandes empresas. Você chegou a olhar para elas na hora de criar essas peças?

Sim, sem dúvida! A nova Odete reflete a mulher contemporânea que está à frente dos negócios, mas sem perder a feminilidade e a elegância. A alfaiataria estruturada continua presente, mas agora de uma forma mais moderna, sexy e sofisticada, acompanhando essa nova geração de mulheres de poder.

Croquis de looks criados para Odete Roitman | Imagens: Divulgação

Em sua primeira versão, a personagem foi interpretada por Beatriz Segall, e ela usava e abusava das ombreiras, golas altas, seda e joias poderosas. O que ficou do figurino do passado e o que veio para a interpretação de Débora?

A essência da personagem continua a mesma: peças estruturadas, tecidos nobres como crepe georgette e alfaiataria refinada, além do uso de ombreiras. Mas agora há uma atualização no caimento, trazendo uma silhueta mais acinturada e um toque de sensualidade sofisticada. O estilo da nova Odete é um reflexo da elegância atemporal, com um frescor contemporâneo.

Houve algum pedido especial dos autores ou da atriz na hora da criação desses figurinos?

Não houve nenhum pedido específico. A Marie Salles já conhece o meu trabalho e confiou totalmente na minha visão para a personagem. Assim que começamos a conversar, ficou claro que eu compreendi bem a essência da Odete, e a criação fluiu naturalmente.

Mudando de assunto: você vai desfilar pela primeira vez com a Z. Vitor. Como está a preparação para o desfile?

Está sendo muito empolgante! Este é o primeiro desfile da marca Z.Vitor e estamos trazendo uma coleção chamada Rock Glam, que mistura referências de dois ícones que eu admiro muito: Mick Jagger, com seus ternos acinturados e lenços no pescoço, e Kate Moss, que tem esse olhar cool e rockstar que eu quero trazer para a passarela.

FOTO: Divulgação/Renato Moretti

A Z.Vitor traz uma mulher mais jovem, descolada e casual, um pouco diferente da mulher que usa Vitor Zerbinato. Como é criar para duas personas tão distintas?

Na verdade, a mulher da Z.Vitor e da Vítor Zerbinato são a mesma, mas com momentos diferentes no dia a dia. A Vítor Zerbinato tem um nicho mais fechado, com peças mais dramáticas e sofisticadas. Já a Z.Vitor traz uma proposta mais fresh e versátil, com roupas que podem transitar do trabalho ao happy hour apenas mudando os acessórios.

O que te influencia e quais as referências da Z.Vitor?

A Z.Vitor tem um espírito mais livre e jovem, mas sem perder a sofisticação. Para essa coleção, minha inspiração vem muito do universo rock glam, com alfaiataria bem cortada e um toque de irreverência. É uma marca que permite mais liberdade criativa e brinca mais com elementos da moda.

Eu vejo um pouco da Madame X nas suas criações, principalmente na Z.Vitor. O quanto ainda tem dessa “rebeldia” na marca?

Sim, a Madame X sempre esteve presente no meu trabalho e continua sendo uma referência forte. A Z.Vitor tem essa rebeldia de uma forma mais cool e despretensiosa, permitindo mais experimentação e versatilidade. Ela traz um espírito mais leve, mas sem perder a essência sofisticada e marcante da minha criação.

Quais as apostas que você pode adiantar do desfile?

Podemos esperar uma alfaiataria moderna, silhuetas acinturadas e um toque de rock and roll. A coleção Rock Glam traz essa mistura do clássico com o despojado, com peças inspiradas em Mick Jagger e Kate Moss. Vai ser um desfile cheio de atitude e estilo!

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Por Mariana Gallo
FOTOS: Divulgação/Renato Moretti e Divulgação (croqui)

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