Camila Pitanga está se sentindo completa. Com a vida amorosa em paz e a carreira a todo vapor, a atriz vive os dias celebrando uma conquista recente: o papel da vilã Lola, em Beleza Fatal.
A novela, que acaba de estrear na Band, conta a história de uma mulher mesquinha que não vê a hora de subir na vida – mesmo que, para isso, ela precise sujar as mãos. Apesar de ser detestável, a personagem ganhou o coração do público por suas piadas e jargões divertidos que dão o tom cômico à trama.
Ao contrário da protagonista, Camila é serena, empática e não se importa com a beleza física – para ela, isso tem a ver com inteligência e um bom papo. E, ainda que tenha alcançado sua independência, um dos temas que norteiam sua trajetória é o ativismo social. Militante dos direitos das mulheres e da população negra, ela usa sua visibilidade para debater a igualdade, o feminismo e a democratização da cultura.
Abaixo, confira a entrevista completa com a estrela:
O impacto de Beleza Fatal na carreira de Camila Pitanga
CLAUDIA: Lola é completamente diferente de você, não só nos ideais, mas no estilo de vida. Como você criou essa nova persona para as telas?
Camila Pitanga: Lola é um novo marco da minha carreira em termos de popularidade e reconhecimento. Voltar às novelas com um personagem dessa grandiosidade está sendo mágico. Ela é uma mulher realmente de outro planeta quando comparo com a minha vida, meus valores e meu modo de ser no mundo – mas é um barato poder ter esse trabalho e me divertir, me desafiar com outras formas de pensar.
A Lola representa o capital dentro desse universo que se apropria de pautas feministas de maneira deslavada e a exacerbação do culto à imagem. E vemos como isso pode deixar as pessoas solitárias já que, mesmo que ela use roupa de grife e tenha um status social bom, é uma pessoa totalmente desamparada.

CLAUDIA: E ela é engraçada, né?!
Camila Pitanga: Sou maratonista de Beleza Fatal porque não vi tudo sendo gravado. Como espectadora, me vejo rindo o tempo todo. E é muito bom ver com meu namorado, que é professor de filosofia, uma pessoa séria. Ele fala, comenta, briga e ri, é uma delícia!
É muito bom saber que o brasileiro tem esse vínculo com a novela. Eu vi “Vale Tudo” na soleira da porta da dona Cléia quando minha televisão pifou porque eu não podia perder um capítulo. Elas pautam muito o comportamento brasileiro. E acho que o Rafael Montes consegue juntar isso com temas mais progressistas, como sexualidade, por exemplo.
CLAUDIA: Uma das suas personagens mais icônicas, a Bebel, ressuscitou no TikTok. Por que você acha que ela se tornou esse marco e voltou agora?
Camila Pitanga: A Bebel e o Olavo são dois personagens tortos, com valores loucos, mas que se amam e esse amor move montanhas. Ela era uma trambiqueira, mas luta no dia a dia por sua vida e sobrevivência. O encontro com Olavo nem estava previsto originalmente na história da novela, mas tem alguma coisa de comédia romântica que beira o cômico e fica nesse pêndulo delicioso. Trabalhar com esse grande ator, que é o Wagner Moura, foi muito significativo – ele somou demais no meu trabalho como atriz.
Acho fascinante que essa nova geração vai além dos comentários. Eles fazem vídeos sobre os personagens, memes e edits de cenas incríveis. Tem gente que nem viu a novela Paraíso Tropical, mas já assistiu tantas cenas nas redes sociais que sabem tudo o que aconteceu na trama. Fico feliz que eles conseguem chegar a mim por outros canais.
O elogio de Camila Pitanga à Erika Hilton
CLAUDIA: Em toda sua trajetória, você traz consigo temas como feminismo, racismo e direitos humanos. Como esses assuntos regem as escolhas que você faz?
Camila Pitanga: Sendo filha de quem sou, de Antônio Pitanga, de Vera Manhães, enteada de Benedita da Silva, é inescapável que eu tenha que me pensar como cidadã no mundo. Sou uma mulher privilegiada, conquistei minha independência e minha autonomia, mas me importo com a vida de outras mulheres. A realidade da violência contra a mulher e da desigualdade de oportunidades para mulheres negras não é apenas um número, é algo que afunila as potencialidades do nosso país.
Me engajar na luta antirracista e no feminismo é pensar um Brasil mais potente, mais igualitário e que vai beneficiar não só as mulheres, mas também os homens. Para mim, é uma necessidade lutar para que mais trabalhadoras possam ter dias de descanso para cuidar de si, por exemplo. Essa é uma das campanhas de Erika Hilton, uma das lideranças fundamentais nos dias de hoje. Precisamos pensar na dignidade do trabalhador brasileiro.
Reflexões sobre etarismo
CLAUDIA: Hoje estamos discutindo também as novas formas de envelhecer. Se antes a sociedade acabava com a carreira da mulher muito cedo, hoje as coisas estão mudando. As pessoas estão olhando para a idade da mulher de forma diferente?
Camila Pitanga: Estamos tendo mais tempo de vida, a expectativa de futuro aumentou. No caso das mulheres, com o advento do feminismo, estamos pensando mais em oportunidades de trabalho e qualidade de vida. Então, pensar o corpo, o envelhecimento e o amadurecimento é uma consequência disso.
A gente dizia que chegar aos 30 anos era um ponto de corte: com uma família, determinados códigos de sociedade alcançados… Isso é uma balela porque é possível conseguir coisas importantes aos 40, aos 50, aos 60. Acho ruim essas demarcações de tempo que acabam por emparedar as mulheres. Se estamos vivas, merecemos ter oportunidade de trabalho, respeito e poder desenvolver nossa vitalidade.
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