Apesar do celular ampliar o acesso à informação, ele também pode colocar as crianças e adolescentes em situações de risco. A atração pelas telas surge como ferramenta para ocupar o tempo dos filhos e, nesse sentido, a pandemia da Covid-19 intensificou o processo de digitalização até mesmo nos ambientes de ensino, resultando em uma mudança significativa na forma como os pequenos vivem a própria infância, ocupam o tempo livre e se relacionam socialmente.
De acordo com a médica pediatra e neonatologista Tatiana Cicerelli Marchini (CRM-SP 129889), a internet faz parte da vida cotidiana e, como qualquer ferramenta, oferece benefícios e riscos. “Ensinar desde cedo ajuda as crianças a desenvolverem um senso crítico e comportamentos responsáveis. Isso é fundamental porque, na infância, o cérebro está em formação e as experiências vividas moldam sua compreensão do mundo. Quanto mais cedo ensinarmos sobre os perigos, maior será a capacidade delas de reconhecer e evitar situações arriscadas.“
Quais são os principais riscos e como combatê-los?
Os problemas principais incluem a exposição a conteúdo impróprio, contato com predadores online e cyberbullying. A fim de reverter a situação, é importante estar atento a qualquer sinal de comportamento inadequado, mantendo sempre o diálogo aberto para que o seu filho se sinta seguro em compartilhar informações e procurar ajuda.
Segundo Tatiana, os indicadores de que a criança está enfrentando problemas são isolamento, ansiedade ou tristeza. “Uma criança que apaga rapidamente telas ou fica nervosa ao usar dispositivos pode estar enfrentando algo desconfortável. Observe também alterações no sono, apetite ou desempenho escolar”, diz.
Logo, é crucial monitorar o tipo de conteúdo que elas estão consumindo, verificando os aplicativos e sites utilizados e orientando sobre segurança online, a fim de a garantir que os pequenos entendam os perigos do mundo digital e possam reconhecer ameaças e mensagens suspeitas.
A pediatra neonatologista Cecilia Gama (CRM 133.613) informa sobre o desenvolvimento da responsabilidade digital: “Desde cedo, elas precisam entender que suas ações online têm consequências no mundo real, ajudando a formar cidadãos digitais éticos e respeitosos. O mundo digital é parte integral da vida moderna. Crianças educadas sobre os perigos da internet desde cedo crescem mais preparadas para navegar nesse ambiente com segurança e consciência”.
Cecilia recomenda o ensino de privacidade nas redes sociais por meio da criação de senhas seguras e não óbvias – esclarecendo que elas não devem ser compartilhadas –, a configuração de contas privadas e como bloquear ou denunciar certos usuários. Além disso, é crucial fornecer orientação a respeito dos conteúdos publicados e alertas sobre pessoas desconhecidas.
Como lidar com casos adversos?
Aqui, vale a pena ensiná-los sobre como identificar momentos delicados e se colocar à disposição para tirar dúvidas e oferecer suporte. Logo, imponha limites na divulgação de informações pessoais, como nome completo, endereço, senhas de dispositivos, número de telefone e outros.
Para explicar uma situação desconfortável, é preciso utilizar uma linguagem adequada e de acordo com a idade. Tatiana comenta sobre uma alternativa para reconhecer comportamentos inadequados: “Crie exemplos fictícios: ‘Se alguém que você não conhece pedir para conversar em particular ou te mandar fotos, isso é errado. O que você faria?’ Isso ajuda as crianças a praticar respostas seguras”.

A psicóloga Larissa Fonseca (CRP 06/113289) também pontua sobre o papel da família, que deve oferecer empatia e espaços de acolhimento: “Para incentivar a comunicação aberta, os pais precisam mostrar que não haverá punições ou críticas. Reforçar que pedir ajuda é um ato responsável e que sempre é melhor falar sobre o problema do que escondê-lo cria um ambiente seguro para a criança se expressar”.
E em relação ao acesso às atividades online dos filhos, Cicerelli finaliza: “O equilíbrio depende da idade. Para crianças mais novas, a supervisão direta é essencial. Já para adolescentes, mantenha o diálogo aberto e monitore discretamente, respeitando a privacidade deles, mas intervenha se notar algo perigoso”. A profissional cita aplicativos como Qustodio, Family Link e Bark para um monitoramento moderado.
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